quinta-feira, 3 de agosto de 2023

O Evangelho de cada dia (68)

Ano A | 17ª Semana Comum | Sexta-feira | Mateus 13,54-58

(04/08/2023)

Depois de uma longa seção dedicada ao anúncio do Reino de Deus às multidões em forma de parábolas, e depois de algumas catequeses especiais dirigidas aos discípulos/as, Jesus volta à sua terra e vai à sinagoga de Nazaré, onde seus amigos e familiares costumavam se reunir. A notícia da sua ação transformadora (milagres), assim como a clareza e pertinência do seu ensino, impressionara a todos/as, tanto em Nazaré como na circunvizinhança.

Mas também nessa ocasião e nesse episódio emerge a dificuldade que os diversos grupos de interlocutores têm de reconhecer na ação e no ensino libertários de Jesus a ação misericordiosa de Deus. Essa dificuldade para discernir a identidade de Jesus é abordada por Mateus do capítulo 11 até 16 da sua versão do Evangelho, mas o que surpreende é que ela se estende também aos seus conterrâneos e familiares.

Fica claro que o povo de Nazaré, mesmo se encantando e admirando com ensino e com o poder transformador da compaixão de Jesus, acaba tropeçando nos preconceitos próprios das pequenas cidades e das pessoas que o conhecem de perto. Seus conterrâneos começam a se perguntar onde ele foi buscar a sabedoria e o poder, já que tem uma origem humilde e não pertence a uma elite cultural ou religiosa. Eles não conseguem defini-lo fora do seu contexto familiar. Para eles, o enviado de Deus deveria vir de cima, e não de baixo; do centro, e não da periferia.

Para o senso comum no qual se moviam os habitantes de Nazaré e a própria família de Jesus, o fato de ter origem humilde e ser filho de carpinteiro nega a Jesus a possibilidade de ser o agente ungido e enviado por Deus. A sinagoga acaba sendo o joio que aparece no meio do trigo, e a querida Nazaré acaba se comportando como Corazim, Betsaida e Cafarnaum, povoados que se fecharam à novidade escandalosa e provocativa do Reino de Deus.

Jesus interpreta a rejeição por parte dos seus familiares e conterrâneos como a histórica resistência e perseguição que se voltam contra todos os profetas. E esta notória falta de fé do povo de Nazaré acaba impedindo a ação libertadora de Jesus na sua própria cidade.

 

Meditação:

·        Em que medida, e em que ocasiões, você também foi vítima do preconceito das pessoas mais próximas e conhecidas?

·        Não aconteceu de você se escandalizar diante da Palavra ou da ação de Jesus? Nestas circunstâncias, o que você faz?

·        Como Jesus Cristo e seu Evangelho podem nos ajudar a não reduzir as pessoas aos seus erros, à profissão que exerce ou à origem familiar?

Será que a mentalidade fechada e o preconceito às vezes também não nos impedem de crer em processos de mudança? 

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