Ano A | 17ª
Semana Comum | Sexta-feira | Mateus 13,54-58
(04/08/2023)
Depois de uma longa seção dedicada ao anúncio do
Reino de Deus às multidões em forma de parábolas, e depois de algumas
catequeses especiais dirigidas aos discípulos/as, Jesus volta à sua terra e vai
à sinagoga de Nazaré, onde seus amigos e familiares costumavam se reunir. A
notícia da sua ação transformadora (milagres), assim como a clareza e
pertinência do seu ensino, impressionara a todos/as, tanto em Nazaré como na
circunvizinhança.
Mas também nessa ocasião e nesse episódio emerge a
dificuldade que os diversos grupos de interlocutores têm de reconhecer na ação
e no ensino libertários de Jesus a ação misericordiosa de Deus. Essa
dificuldade para discernir a identidade de Jesus é abordada por Mateus do
capítulo 11 até 16 da sua versão do Evangelho, mas o que surpreende é que ela
se estende também aos seus conterrâneos e familiares.
Fica claro que o povo de Nazaré, mesmo se
encantando e admirando com ensino e com o poder transformador da compaixão de
Jesus, acaba tropeçando nos preconceitos próprios das pequenas cidades e das
pessoas que o conhecem de perto. Seus conterrâneos começam a se perguntar onde
ele foi buscar a sabedoria e o poder, já que tem uma origem humilde e não
pertence a uma elite cultural ou religiosa. Eles não conseguem defini-lo fora
do seu contexto familiar. Para eles, o enviado de Deus deveria vir de cima, e
não de baixo; do centro, e não da periferia.
Para o senso comum no qual se moviam os habitantes
de Nazaré e a própria família de Jesus, o fato de ter origem humilde e ser
filho de carpinteiro nega a Jesus a possibilidade de ser o agente ungido e
enviado por Deus. A sinagoga acaba sendo o joio que aparece no meio do trigo, e
a querida Nazaré acaba se comportando como Corazim, Betsaida e Cafarnaum,
povoados que se fecharam à novidade escandalosa e provocativa do Reino de Deus.
Jesus interpreta a rejeição por parte dos seus
familiares e conterrâneos como a histórica resistência e perseguição que se
voltam contra todos os profetas. E esta notória falta de fé do povo de Nazaré
acaba impedindo a ação libertadora de Jesus na sua própria cidade.
Meditação:
·
Em que medida, e em que
ocasiões, você também foi vítima do preconceito das pessoas mais próximas e conhecidas?
·
Não aconteceu de você
se escandalizar diante da Palavra ou da ação de Jesus? Nestas circunstâncias, o
que você faz?
· Como Jesus Cristo e seu Evangelho podem nos ajudar a não reduzir as pessoas aos seus erros, à profissão que exerce ou à origem familiar?
Será que a mentalidade fechada e o preconceito às vezes também não nos impedem de crer em processos de mudança?
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