Ano A | 18ª
Semana Comum | Domingo | Mateus 16,24-28
(11/08/2023)
O texto do evangelho de hoje está literariamente
situado depois da profissão de fé e dos discípulos em Jesus como “o Messias, o
Filho do Deus Vivo”. Vem também depois da cena em que os discípulos revelam
dificuldade de aceitar o caminho do esvaziamento e da cruz (cf. Mt 16,21-28), e
imediatamente antes da cena da transfiguração (Mt 17,1-13). É essa dificuldade
dos discípulos com a imagem de messias que justifica essa catequese incisiva e
delimitadora de Jesus, e a própria transfiguração que a segue.
Jesus estabelece dois pré-requisitos para quem
quiser ser discípulo/a dele: negar a si
mesmo, que significa desistir de práticas que impedem o advento do Reino de
Deus (abrir mão de projetos pessoais e egoístas, entregar-se inteiramente à
vontade do Pai); tomar a própria cruz e
seguir Jesus, ou seja: assumir um estilo de vida que pode provocar
humilhação, que comporta marginalização, dor e morte. Em outras palavras:
seguir o caminho de vida percorrido por Jesus, sem buscar atalhos aparentemente
facilitadores.
Esta disposição de “perder a vida” por Jesus e pelo Reino de Deus para entrar na vida
verdadeira é uma convocação à identificação com o destino dos insignificantes e
à aceitação do risco de ser tratado/a como criminoso/a pelas elites, aceitando até
o martírio por resistir ao status quo. E isso significa, por outro lado, não dar a vida pelo império romano (ou
qualquer outro sistema de poder), ou “morrer pela pátria e viver sem razões”.
Jesus assegura que a vinda e a consolidação do
Reino de Deus é coisa certa como o sol que nasce todo dia. Mas “ganhar o mundo
inteiro” será, para os discípulo/as, sempre uma tentação (cf. Mt 4,8), e, para salvar a própria vida, a maioria é
induzida a escolher o caminho mais seguro, o interesse próprio, o silêncio e a submissão por medo da
perseguição. Mas perder a vida para
ganhá-la, como Jesus, equivale a não se submeter nem ceder ao medo.
A glória que envolverá Jesus na sua volta é a
glória da cruz, do amor vivido de forma incondicional e na medida extrema. E é
isso que continuamos vendo, também nós, ao nosso lado: homens e mulheres “que
se amam mais que a si, e dizem com firmeza: vê, Senhor, estou aqui!”
Meditação:
§ Retome
e repita pausadamente cada expressão e cada afirmação de Jesus aos seus
seguidores
§ Compare
cada uma dessas afirmações com o seu evangelho e a sua vida como um todo e
entenda o sentido
§ O
que significa hoje, na situação sanitária e social do Brasil e do mundo, perder
ou ganhar a vida no sentido evangélico?
§ Você
conhece pessoas que ganharam “um mundo de vantagens” mas perderam o sentido e o
gosto da vida?
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