Ano A | 19ª
Semana Comum | Domingo | Mateus 14,22-33
(13/08/2023)
Jesus
revela-se um Deus compassivo com os pobres, um Deus que tem necessidade da
nossa colaboração – nem que seja apenas cinco
pães e dois peixes! – na sua ação libertadora. E é ele que nos convida a
superar o medo e confiar na sua presença em todas as travessias. Os discípulos de Jesus imaginavam um Deus
indiferente às necessidades dos famintos ou suficientemente
poderoso para resolver sozinho todas as dificuldades do povo.
Apesar dos séculos de pregação, as imagens de um Deus poderoso e ameaçador,
ou então nacionalista e ligado aos interesses de pequenos grupos, ainda não se
apagaram da nossa memória. Ensinaram-nos que Deus se revela no poder
destruidor dos terremotos, no fogo devorador das ideologias totalitárias, no mistério
aterrador dos furacões, nos pesados decretos que condenam, na dura punição aos
que erram. Deus seria onipotente,
onisciente e onipresente, e quanto mais poder ou saber alguém possui,
mais se pareceria com ele.
Diante de um Deus com estas
características, caímos por terra ou gritamos de medo. E do ventre do medo não costuma nascer o
amor que se faz dom, mas a agressividade da autodefesa ou da dominação.
Um Deus com tais traços é um fantasma, uma fantasia que se abriga nas pessoas que não superaram o desejo
infantil de onipotência. E este fantasma, via de regra, está a serviço
das diversas formas de dominação e de infantilização religiosa, econômica e
política. Parecemo-nos com Pedro, que tenta caminhar sobre as águas, revelando
seu desejo de participar da presumida onipotência de Deus...
É o medo
dos ventos contrários, das diferenças e dos questionamentos que gera a dúvida e
nos leva a afundar, tanto em termos humanos como
espirituais. O medo não nasce da verdadeira experiência de Deus, mas de uma
imagem parcial ou confusa de Deus. É isso que percebemos nos discípulos no
episódio da travessia do mar: a força do vento e das ondas que fustiga a barca
como a tirania dos poderosos, somada à ideia de um Deus que caminha indiferente
sobre as ondas, arranca-lhes gritos de pavor. E esta dúvida sobre a divindade de um Jesus frágil
e compassivo leva Pedro a afundar apavorado.
Meditação:
·
Acompanhe Jesus
retirando-se para uma noite de oração; os discípulos gritando de pavor no meio
da noite e do mar agitado; a aproximação de Jesus, seu diálogo com Pedro e a
calmaria
·
Tente perceber o
conteúdo do diálogo orante de Jesus com o Pai: certamente ele faz menção ao pão
tornado acessível a todos, aos discípulos que ele havia enviado à sua frente
· Recorde situações de desespero pelas quais você, sua família e sua comunidade passaram, e como a fé lhes ajudou
Será que sua fé também às vezes também se mostra frágil e desconfiada como a de Pedro?
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