Ano A | 20ª
Semana Comum | Segunda-feira | Mateus 19,16-22
(21/08/2023)
Nos últimos dias, estamos meditando trechos do
Evangelho nos quais Jesus nos apresenta o dinamismo inovador, transformador e
provocador do reino de Deus nos diversos campos das relações humanas: nas
relações entre as classes sociais, nas relações no interior das famílias, nas
relações entre homem e mulher, na relação com Deus e a religião, etc. Hoje, o
foco é a relação do/a discípulo/a com os bens.
Ao que parece, o jovem que aparece buscando Jesus
faz parte da elite religiosa e econômica de Israel. Ele tem muitos bens e,
conforme o que ele mesmo afirma, pratica fielmente os mandamentos, e isso desde
a juventude. Está preocupado com a felicidade individual, trata Jesus como os
mestres da lei o tratavam, mas parece estar no caminho certo e
bem-intencionado. Ele pergunta a Jesus o que deve fazer de bom, ou como ser
bom.
Este jovem busca um caminho seguro para “possuir” a
vida eterna, e não para “deixar-se possuir” e conduzir por Deus e seu Reino.
Vida eterna equivale a ser perfeito, ser salvo, entrar no Reino de Deus. Jesus
responde a ele sublinhando que não há nada (coisa) de bom, mas apenas Alguém
que é bom, e faz uma referência indireta ao que o profeta já havia dito
(respeitar o direito, amar a felicidade e caminhar humildemente com Deus: cf.
Mq 6,8) e aos mandamentos, enfatizando as relações com os irmãos.
Sem dar ouvidos à afirmação de Jesus, o jovem se
considera bom e perfeito, escondendo que os muitos bens que possuía poderiam
ser resultado de exploração e roubo. Mas, para Jesus, a prática dos mandamentos
não é suficiente para ser bom, e ao jovem falta a justiça e solidariedade com
os pobres. Trata-se do amor que leva à partilha e à restituição daquilo que por
direito pertence aos necessitados, condição essencial para seguir Jesus.
O jovem não está disposto a isso, nem a caminhar
com os/as demais discípulos/as. Ele é possuído pelos bens que pensa possuir,
não é livre, não é bom, não ousa iniciar um caminho de despojamento e
conversão. Na verdade, ele não é capaz de considerar o reino de Deus como seu
único tesouro. A riqueza o sufocou, como os espinheiros sufocaram parte da
semente (cf. Mt 13,22). Conversão, justiça, comunhão e alegria no cristão é
missão de cada dia!
Meditação:
· Com
que intenções você procura Jesus e a vida cristã? O desejo de perfeição, de
renovação total e profunda é o que move você?
· Como você se avalia em relação aos preceitos da Igreja? Você os considera suficiente para ser bom, e se acha bom praticante?
O que ainda impede você de entregar-se na aventura de criar novos céus e nova terra, com Jesus e todos/as aqueles/as que o seguem?
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