Ano A | 18ª
Semana Comum | Segunda-feira | Mateus 14,13-21
(07/08/2023)
Jesus não foi um milagreiro de ocasião, um curador
empenhado em realizar prodígios para fazer propaganda de si mesmo. Os seus
milagres são sinais que abrem uma brecha neste mundo de dominação e de
injustiças, e apontam já para uma realidade nova, meta final da caminhada
existencial e social do ser humano, que os evangelhos sinóticos denominam Reino
de Deus.
Concretamente, o milagre que conhecemos como
“multiplicação dos pães” (que deveria ser chamada “distribuição solidária de
alimentos para uma multidão faminta” é um sinal que nos convida a tomar
consciência de que o projeto de Jesus é alimentar os homens e mulheres e
reuni-los numa fraternidade real e universal, na qual todos/as saibam como
partilhar o pouco ou o muito que têm.
Para os cristãos, a fraternidade e a partilha não são
apenas duas exigências ao lado de tantas
outras, mas a única maneira de construir o reino do Pai neste mundo. Essa
fraternidade pode ser mal-entendida, se pensamos que amamos o nosso próximo
simplesmente porque não lhe fazemos nada de mal, embora, concretamente, vivamos
num um horizonte mesquinho e egoísta, focados no nosso próprio bem-estar e despreocupados
de todos os demais.
Por ser sacramento e fermento de fraternidade, a
Igreja é chamada a promover, em cada momento da história, novas formas de
estreita fraternidade entre os homens e mulheres e entre os povos. Devemos
aprender a viver com um estilo mais fraterno, escutando as novas e velhas
necessidades do homem de hoje.
A luta pelo desarmamento, a proteção do meio
ambiente, a solidariedade com os famintos, a partilha com os desempregados, a
ajuda aos drogados, a preocupação com os idosos esquecidos, a atenção aos
protocolos de prevenção contra o Covid-19 são outras tantas exigências para
quem se entende irmão e quer multiplicar para todos o pão que as pessoas
necessitam para viver.
O relato do evangelho de hoje nos lembra que não
podemos comer tranquilos/as o “nosso” pão e o “nosso” peixe enquanto junto a
nós há homens e mulheres ameaçados pela fome. Na verdade, nada é nosso! Tudo o
que temos foi confiado ao nosso cuidado para que não falte nada a ninguém. Os
que vivem tranquilos/as e satisfeitos/as devem ouvir as palavras de Jesus:
«Dai-lhes vós de comer».
Meditação:
§ Acompanhe
Jesus e os discípulos/as na sua retirada para o deserto, alertado pelo martírio
de João Batista
§ Veja
a “procissão” de pessoas necessitadas que os seguem, porque veem em Jesus o
último porto e única esperança e note a confusão dos discípulos, que não sabem
o que fazer, e pedem que Jesus dê as costas às pessoas famintas
§ O
que significa, para você, sua família e sua comunidade a ordem de Jesus: “Deem-lhes
vocês mesmos de comer”, e como poderíamos evitar o desperdício de alimentos em
nossa própria casa, e destiná-los a quem deles necessita?
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