Ano A | 20ª
Semana do Tempo Comum | Mateus 22,34-40
(25/08/2023)
Já dissemos que os capítulos 21 e 22 de Mateus
apresentam o confronto permanente entre Jesus e o reino de Deus com a elite
dirigente do judaísmo e a lógica excludente do templo. Nos trechos omitidos
entre os textos de ontem e de hoje (v. 15-33), Jesus discute com os saduceus
sobre a ressurreição e a legitimidade do imposto exigido pelo império romano.
Com suas respostas e argumentos, Jesus calou a boca dos saduceus.
Mas o silêncio dos saduceus não é vergonha,
capitulação ou inércia. Eles se aliam aos fariseus e mestres da lei para
colocar Jesus novamente à prova. Desta vez, provocam Jesus a distinguir, entre
os muitos mandamentos, aqueles que seriam grandes e relevantes, e aqueles que
poderiam ser tratados como secundários e transgredidos. Jesus responde
sublinhando a unidade dos mandamentos, e não a hierarquização. As leis da
aliança e a perspectiva profética se entrelaçam na prática do amor.
Jesus responde à provocação acenando para aquilo
que o livro do Deuteronômio apresenta no capítulo 6: o horizonte dos
mandamentos é o amor profundo e integral a Deus, inseparável do amor social e
cotidiano ao próximo. Não se trata de atos ocasionais de amor, e muito menos de
simples sentimentos, mas de uma visão social e estrutural, que conjuga o amor
ao próximo ao amor a Deus, do qual decorre.
Como Jesus havia anunciado no capítulo 5 de Mateus,
a Lei e os Profetas, ou seja, todas as escrituras, dependem disso! Em outras
palavras: o maior e mais importante dos mandamentos é a fidelidade e a
perseverança integral e diária na prática da compaixão ativa, humanizadora e
libertadora nas relações com os irmãos. E isso não é um entre outros
mandamentos, mas o coração pulsante da inteira experiência e vontade de Deus na
história.
Para Jesus, isso constitui o núcleo ou fio de ouro
da sua pregação e do caminho ético que ele propõe. Sem esse amor, a fé se torna
moralismo e legalismo vazio, e os projetos de promoção social se esvaziam em
políticas de ocasião. É nesse amor, na afirmação prática da dignidade do outro
e no serviço solidário e perseverante às suas necessidades, que se revela e
sustenta a verdade e a solidez da fé. Nada vem antes nem está acima disso!
Meditação:
§ Você
leva a sério a centralidade do amor integral e fiel a Deus e ao próximo no qual
está presente como a síntese da lei e da profecia?
§ Você
percebe em você e na sua comunidade a tentação de acentuar exageradamente a
obediência a Deus e a moral em detrimento do amor ativo e compassivo ao
próximo?
§ Como
a Igreja poderia ensinar e explicitar melhor esse fio vermelho em seu ensino e
em sua prática pastoral?
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