quinta-feira, 24 de agosto de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (89)

Ano A | 20ª Semana do Tempo Comum | Mateus 22,34-40

(25/08/2023)

Já dissemos que os capítulos 21 e 22 de Mateus apresentam o confronto permanente entre Jesus e o reino de Deus com a elite dirigente do judaísmo e a lógica excludente do templo. Nos trechos omitidos entre os textos de ontem e de hoje (v. 15-33), Jesus discute com os saduceus sobre a ressurreição e a legitimidade do imposto exigido pelo império romano. Com suas respostas e argumentos, Jesus calou a boca dos saduceus.

Mas o silêncio dos saduceus não é vergonha, capitulação ou inércia. Eles se aliam aos fariseus e mestres da lei para colocar Jesus novamente à prova. Desta vez, provocam Jesus a distinguir, entre os muitos mandamentos, aqueles que seriam grandes e relevantes, e aqueles que poderiam ser tratados como secundários e transgredidos. Jesus responde sublinhando a unidade dos mandamentos, e não a hierarquização. As leis da aliança e a perspectiva profética se entrelaçam na prática do amor.

Jesus responde à provocação acenando para aquilo que o livro do Deuteronômio apresenta no capítulo 6: o horizonte dos mandamentos é o amor profundo e integral a Deus, inseparável do amor social e cotidiano ao próximo. Não se trata de atos ocasionais de amor, e muito menos de simples sentimentos, mas de uma visão social e estrutural, que conjuga o amor ao próximo ao amor a Deus, do qual decorre.

Como Jesus havia anunciado no capítulo 5 de Mateus, a Lei e os Profetas, ou seja, todas as escrituras, dependem disso! Em outras palavras: o maior e mais importante dos mandamentos é a fidelidade e a perseverança integral e diária na prática da compaixão ativa, humanizadora e libertadora nas relações com os irmãos. E isso não é um entre outros mandamentos, mas o coração pulsante da inteira experiência e vontade de Deus na história.

Para Jesus, isso constitui o núcleo ou fio de ouro da sua pregação e do caminho ético que ele propõe. Sem esse amor, a fé se torna moralismo e legalismo vazio, e os projetos de promoção social se esvaziam em políticas de ocasião. É nesse amor, na afirmação prática da dignidade do outro e no serviço solidário e perseverante às suas necessidades, que se revela e sustenta a verdade e a solidez da fé. Nada vem antes nem está acima disso!

 

Meditação:

§  Você leva a sério a centralidade do amor integral e fiel a Deus e ao próximo no qual está presente como a síntese da lei e da profecia?

§  Você percebe em você e na sua comunidade a tentação de acentuar exageradamente a obediência a Deus e a moral em detrimento do amor ativo e compassivo ao próximo?

§  Como a Igreja poderia ensinar e explicitar melhor esse fio vermelho em seu ensino e em sua prática pastoral?

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