Ano A | Festa
de São Lourenço, Mártir | João 12,24-26
(10/08/2023)
Os breves versículos do evangelho de João propostos
para iluminar a festa de São Lourenço (diácono e mártir) e de todos os
mártires, nos traz uma afirmação solene de Jesus. O texto está situado
literariamente após a ressurreição de Lázaro e a entrada de Jesus no Templo, e
depois que alguns judeus de origem grega pedem que Filipe os leve ao encontro
de Jesus. “Queremos conhecer Jesus”, dizem eles, expressando também nosso
desejo.
Jesus vê nessa busca de judeus estrangeiros o
momento propício para manifestar a “glória” do Filho do Homem, glória à qual
são chamados todos seres humanos, particularmente seus discípulos/as
missionários/as. Ele diz que, para conhecê-lo e descobrir a nossa vocação,
devemos olhar para a cruz. Nela se mostra “como”
sua vida e sua missão, assim como a vida e a missão de quem o segue, produzirá
frutos: “dando vida, da própria vida, a própria vida” (São Oscar Romero); dando
a vida de forma gratuita, corajosa, generosa, permanente.
Por mais que se apresente com aparência formosa e
desejável, o egoísmo e a indiferença são sempre mortais e estéreis, e semeiam
esterilidade e morte. Ao contrário, quem ama e não teme a própria morte é livre
para arriscar e gastar a “vida pelas vidas”, comprometer a vida pelo Reino de
Deus, como o mártir Jesus, como todos os/as mártires e todas as testemunhas.
Livremente colocamo-nos a serviço do Reino, livremente semeiam liberdade!
Amar é doar-se sem poupar-se. O amor leal nos leva
ao esquecimento dos problemas e interesses individuais e a prosseguir no
caminho de Jesus, apesar da pressão e da intimidação dos sistemas de poder e
coerção. Como a semente, o dom de si é fecundo, vivificador, e a entrega
solidária da vida é o ápice do dom de si. Caindo no chão e morrendo, a semente
libera sua força, realiza seu destino, não fica só, multiplica-se, produz
frutos. Eis o mistério da vida e da missão de Jesus e de quem se aventura a
seguir seus passos.
Fazer-se discípulo/a missionário/as é estar com
Jesus onde ele está, no dinamismo do amor do Pai, que ama sem medida, sem “se”
e sem “mas”. A honra e a glória dos cristãos não é outra senão a honra e a
glória de Jesus: renunciar às honras e vaidades desse mundo, ser filho/a, irmão
ou irmã, amar sem reservas, ser como a semente! A autoridade e a
representatividade das lideranças cristãs se inspiram em Jesus crucificado, e
não nos “podres poderes”, e se baseiam no serviço aos pobres e não na bajulação
dos ricos.
Meditação:
§ Acompanhe
com a imaginação a aproximação dos judeus de origem grega, a intermediação de
Filipe, as palavras de Jesus
§ Olhe
para a cruz, na qual se mostra a proximidade insuperável de Deus e a doação
mais generosa e radical do ser humano
§ Medite
o mistério de força, de multiplicação e de vida que se esconde na morte da
semente; é essa a glória que você busca?
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