quarta-feira, 9 de agosto de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (74)

Ano A | Festa de São Lourenço, Mártir | João 12,24-26

(10/08/2023)

Os breves versículos do evangelho de João propostos para iluminar a festa de São Lourenço (diácono e mártir) e de todos os mártires, nos traz uma afirmação solene de Jesus. O texto está situado literariamente após a ressurreição de Lázaro e a entrada de Jesus no Templo, e depois que alguns judeus de origem grega pedem que Filipe os leve ao encontro de Jesus. “Queremos conhecer Jesus”, dizem eles, expressando também nosso desejo.

Jesus vê nessa busca de judeus estrangeiros o momento propício para manifestar a “glória” do Filho do Homem, glória à qual são chamados todos seres humanos, particularmente seus discípulos/as missionários/as. Ele diz que, para conhecê-lo e descobrir a nossa vocação, devemos olhar para a cruz. Nela se mostra “como” sua vida e sua missão, assim como a vida e a missão de quem o segue, produzirá frutos: “dando vida, da própria vida, a própria vida” (São Oscar Romero); dando a vida de forma gratuita, corajosa, generosa, permanente.

Por mais que se apresente com aparência formosa e desejável, o egoísmo e a indiferença são sempre mortais e estéreis, e semeiam esterilidade e morte. Ao contrário, quem ama e não teme a própria morte é livre para arriscar e gastar a “vida pelas vidas”, comprometer a vida pelo Reino de Deus, como o mártir Jesus, como todos os/as mártires e todas as testemunhas. Livremente colocamo-nos a serviço do Reino, livremente semeiam liberdade!

Amar é doar-se sem poupar-se. O amor leal nos leva ao esquecimento dos problemas e interesses individuais e a prosseguir no caminho de Jesus, apesar da pressão e da intimidação dos sistemas de poder e coerção. Como a semente, o dom de si é fecundo, vivificador, e a entrega solidária da vida é o ápice do dom de si. Caindo no chão e morrendo, a semente libera sua força, realiza seu destino, não fica só, multiplica-se, produz frutos. Eis o mistério da vida e da missão de Jesus e de quem se aventura a seguir seus passos.

Fazer-se discípulo/a missionário/as é estar com Jesus onde ele está, no dinamismo do amor do Pai, que ama sem medida, sem “se” e sem “mas”. A honra e a glória dos cristãos não é outra senão a honra e a glória de Jesus: renunciar às honras e vaidades desse mundo, ser filho/a, irmão ou irmã, amar sem reservas, ser como a semente! A autoridade e a representatividade das lideranças cristãs se inspiram em Jesus crucificado, e não nos “podres poderes”, e se baseiam no serviço aos pobres e não na bajulação dos ricos.

 

Meditação:

§  Acompanhe com a imaginação a aproximação dos judeus de origem grega, a intermediação de Filipe, as palavras de Jesus

§  Olhe para a cruz, na qual se mostra a proximidade insuperável de Deus e a doação mais generosa e radical do ser humano

§  Medite o mistério de força, de multiplicação e de vida que se esconde na morte da semente; é essa a glória que você busca?

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