quinta-feira, 10 de agosto de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (75)

Ano A | 18ª Semana Comum | Domingo | Mateus 16,24-28

(11/08/2023)

O texto do evangelho de hoje está literariamente situado depois da profissão de fé e dos discípulos em Jesus como “o Messias, o Filho do Deus Vivo”. Vem também depois da cena em que os discípulos revelam dificuldade de aceitar o caminho do esvaziamento e da cruz (cf. Mt 16,21-28), e imediatamente antes da cena da transfiguração (Mt 17,1-13). É essa dificuldade dos discípulos com a imagem de messias que justifica essa catequese incisiva e delimitadora de Jesus, e a própria transfiguração que a segue.

Jesus estabelece dois pré-requisitos para quem quiser ser discípulo/a dele: negar a si mesmo, que significa desistir de práticas que impedem o advento do Reino de Deus (abrir mão de projetos pessoais e egoístas, entregar-se inteiramente à vontade do Pai); tomar a própria cruz e seguir Jesus, ou seja: assumir um estilo de vida que pode provocar humilhação, que comporta marginalização, dor e morte. Em outras palavras: seguir o caminho de vida percorrido por Jesus, sem buscar atalhos aparentemente facilitadores.

Esta disposição de “perder a vida” por Jesus e pelo Reino de Deus para entrar na vida verdadeira é uma convocação à identificação com o destino dos insignificantes e à aceitação do risco de ser tratado/a como criminoso/a pelas elites, aceitando até o martírio por resistir ao status quo. E isso significa, por outro lado, não dar a vida pelo império romano (ou qualquer outro sistema de poder), ou “morrer pela pátria e viver sem razões”.

Jesus assegura que a vinda e a consolidação do Reino de Deus é coisa certa como o sol que nasce todo dia. Mas “ganhar o mundo inteiro” será, para os discípulo/as, sempre uma tentação (cf. Mt 4,8), e, para salvar a própria vida, a maioria é induzida a escolher o caminho mais seguro, o interesse próprio, o silêncio e a submissão por medo da perseguição. Mas perder a vida para ganhá-la, como Jesus, equivale a não se submeter nem ceder ao medo.

A glória que envolverá Jesus na sua volta é a glória da cruz, do amor vivido de forma incondicional e na medida extrema. E é isso que continuamos vendo, também nós, ao nosso lado: homens e mulheres “que se amam mais que a si, e dizem com firmeza: vê, Senhor, estou aqui!”

 

Meditação:

§  Retome e repita pausadamente cada expressão e cada afirmação de Jesus aos seus seguidores

§  Compare cada uma dessas afirmações com o seu evangelho e a sua vida como um todo e entenda o sentido

§  O que significa hoje, na situação sanitária e social do Brasil e do mundo, perder ou ganhar a vida no sentido evangélico?

§  Você conhece pessoas que ganharam “um mundo de vantagens” mas perderam o sentido e o gosto da vida? 

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