Ano A | 19ª
Semana Comum | Sábado | Mateus 19,13-15
(19/08/2023)
Do início ao fim dos seus relatos, os evangelistas
sublinham a atenção e a sensibilidade de Jesus para com as pessoas e grupos
sociais tratados como insignificantes e, por isso, mais vulneráveis.
Estrangeiros, mulheres, crianças e doentes representam muito bem esses grupos.
Mas aos próprios discípulos/as custa-lhes muito aceitar e assimilar essa
maneira revolucionária de ver e tratar as pessoas.
O episódio do evangelho de hoje ilustra como deve
ser a nossa relação com as crianças. Na sociedade de então, elas não têm
direitos, devem obedecer e se submeter, estão à margem. Elas não têm lugar numa
cultura patriarcal. Quando algumas pessoas, encorajadas pela compaixão de Jesus
com os fracos, levam crianças para que ele as abençoe, os discípulos intervêm e
repreendem-nas, pois veem as crianças como um incômodo. Eles reagem estreito no
horizonte do patriarcalismo.
Jesus censura duramente esta atitude dos
discípulos, e declara que o Reino de Deus pertence às crianças. Para Jesus, as
pessoas frágeis e marginalizadas, como são as crianças, nos ensinam e, por
isso, pede que seus discípulos/as sejamos como elas. Elas são uma metáfora do
autêntico e alegre seguimento de Jesus! Se elas participam do Reino de Deus,
obviamente devem ter um lugar também no interior da comunidade cristã.
Como as pessoas que vêm de baixo e das margens
acolhem a mensagem do Reino e reconhecem Jesus como enviado do Pai, também os
discípulos/as devemos aceitar nossa condição de grupo socialmente marginalizado
e insignificante, mas alternativo e gerador de uma nova sociedade. Como o Reino
de Deus e as crianças, a comunidade dos discípulos e discípulas vive neste
mundo um caminho de transição para um futuro maduro e pleno.
Na comunidade sonhada e iniciada por Jesus,
todos/as somos discípulos/as e irmã/os. Não há pai ou patriarca. Todos/as são
iguais em dignidade, sem nenhuma distinção. Os bispos do Brasil já diziam: a
dignidade dos cristãos não está no ministério (ordenado ou extraordinário) que
exercem, mas na sua condição de batizados e ungidos pelo Espírito Santo.
Meditação:
§ Em
que medida, como seguidores/as de Jesus, estamos à margem das badalações,
partilhando as lutas e esperanças das pessoas e grupos sociais marginalizados e
tratados como um incômodo?
§ Ajudamos
a abrir brechas para que essas pessoas se encontrem com o Evangelho de Jesus e
sejam socialmente reconhecidas?
§ Como
essas pessoas e grupos sociais são acolhidas e tratadas em nossas comunidades
cristãs e seus organismos e serviços (litúrgicos, catequéticos, assistenciais)?
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