sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (83)

Ano A | 19ª Semana Comum | Sábado | Mateus 19,13-15

(19/08/2023)

Do início ao fim dos seus relatos, os evangelistas sublinham a atenção e a sensibilidade de Jesus para com as pessoas e grupos sociais tratados como insignificantes e, por isso, mais vulneráveis. Estrangeiros, mulheres, crianças e doentes representam muito bem esses grupos. Mas aos próprios discípulos/as custa-lhes muito aceitar e assimilar essa maneira revolucionária de ver e tratar as pessoas.

O episódio do evangelho de hoje ilustra como deve ser a nossa relação com as crianças. Na sociedade de então, elas não têm direitos, devem obedecer e se submeter, estão à margem. Elas não têm lugar numa cultura patriarcal. Quando algumas pessoas, encorajadas pela compaixão de Jesus com os fracos, levam crianças para que ele as abençoe, os discípulos intervêm e repreendem-nas, pois veem as crianças como um incômodo. Eles reagem estreito no horizonte do patriarcalismo.

Jesus censura duramente esta atitude dos discípulos, e declara que o Reino de Deus pertence às crianças. Para Jesus, as pessoas frágeis e marginalizadas, como são as crianças, nos ensinam e, por isso, pede que seus discípulos/as sejamos como elas. Elas são uma metáfora do autêntico e alegre seguimento de Jesus! Se elas participam do Reino de Deus, obviamente devem ter um lugar também no interior da comunidade cristã.

Como as pessoas que vêm de baixo e das margens acolhem a mensagem do Reino e reconhecem Jesus como enviado do Pai, também os discípulos/as devemos aceitar nossa condição de grupo socialmente marginalizado e insignificante, mas alternativo e gerador de uma nova sociedade. Como o Reino de Deus e as crianças, a comunidade dos discípulos e discípulas vive neste mundo um caminho de transição para um futuro maduro e pleno.

Na comunidade sonhada e iniciada por Jesus, todos/as somos discípulos/as e irmã/os. Não há pai ou patriarca. Todos/as são iguais em dignidade, sem nenhuma distinção. Os bispos do Brasil já diziam: a dignidade dos cristãos não está no ministério (ordenado ou extraordinário) que exercem, mas na sua condição de batizados e ungidos pelo Espírito Santo.

 

Meditação:

§  Em que medida, como seguidores/as de Jesus, estamos à margem das badalações, partilhando as lutas e esperanças das pessoas e grupos sociais marginalizados e tratados como um incômodo?

§  Ajudamos a abrir brechas para que essas pessoas se encontrem com o Evangelho de Jesus e sejam socialmente reconhecidas?

§  Como essas pessoas e grupos sociais são acolhidas e tratadas em nossas comunidades cristãs e seus organismos e serviços (litúrgicos, catequéticos, assistenciais)?

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