Ano A | 19ª
Semana Comum | Sexta-feira | Mateus 19,3-12
(18/08/2023)
Há alguns dias estamos lendo e meditando as
orientações de Jesus para a encarnação da novidade do Reino de Deus nas
relações comunitárias e sociais. Hoje, a atenção se volta para as relações no
interior da família, especialmente para as relações conjugais. A reflexão é
oportunizada por mais uma pergunta provocadora vinda da boca dos fariseus, que
se posicionam como adversários de Jesus.
O ensino de Jesus é uma contundente defesa da dignidade
das mulheres, no contexto de uma cultura patriarcal, na qual o marido tem
direito de vida e de morte sobre a mulher. A família nascida da cruz de Jesus e
reconfigurada pelo Reino de Deus rejeita de forma inequívoca as relações
patriarcais, que eram aceitas como normais e normativas no mundo cultural
romano e judaico.
Para Jesus, o matrimônio deve ser entendido em
outra perspectiva, sem o domínio da figura masculina. Os fariseus tinham
dificuldades de entender e aceitar isso. Para eles, a mulher fazia parte das
propriedades do homem e a ele deveria ser submissa. Mas, para Jesus, as
relações matrimoniais devem ser pautadas pela igualdade, pela reciprocidade,
pela solidariedade e pela unidade. Este é o querer de Deus sobre o casal. Esta
é a família tradicionalmente cristã!
No enfrentamento com Jesus e no ensino ao povo, os
fariseus e doutores da lei fazem uma leitura distorcida da Lei, e dizem que é
ordem para todos aquilo que Moisés permitiu apenas como exceção. Mesmo fazendo
essa concessão à dureza dos homens, Moisés pediu garantias à mulher divorciada,
limitando o “direito ao despejo”. Jesus, por sua vez, propõe uma releitura da
vida conjugal a partir da vontade original de Deus, sublinhando que homem e
mulher se tornam uma unidade profunda, e nada deve desfazê-la.
Isso escandaliza os discípulos, contaminados também
eles pela ideologia patriarcal. Jesus não se incomoda, e radicaliza ainda mais:
além de tomarem como modelo as crianças, seus discípulos/as podem também se
espelhar nos eunucos, outro grupo de pessoas desprezadas e marginalizadas pela
excludente cultura patriarcal.
Meditação:
§ Como
você vive a vocação de ser uma só carne (comunhão, reciprocidade e
solidariedade) na vida conjugal?
§ Em
que medida vocês conseguem superar as relações ditadas pelo patriarcalismo e
pelo individualismo?
§ Você
tem conseguido superar uma compreensão machista e excludente da Palavra de
Deus?
§ Como
são tratadas as mulheres, as crianças e as pessoas homo afetivas na sua família
e na sua Igreja?
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