Ano A | 19ª
Semana Comum | Quinta-feira | Mateus 18,21-19,1
(17/08/2023)
Nos capítulos 16 a 18 do seu evangelho, Mateus nos
apresenta as orientações fundamentais de Jesus para que a comunidade de
discípulos/as assuma um estilo de vida alternativo, inovador, profético e
crítico em relação aos estilos então predominantes. Nos textos de ontem e de
hoje Jesus aborda a questão do enfrentamento das tensões, divisões e ofensas
nas relações comunitárias.
Para ser fiel a Jesus, a comunidade cristã deve praticar
o perdão como uma ação contínua e reiterada. O pedido de desculpas e o perdão
não têm limites de tempo e de grupo. Sem isso, a vida em comunidade é inviável,
e a liderança e a autoridade podem decair em opressão. O perdão concedido aos
irmãos e irmãs é expressão viva do perdão recebido do Pai e decorrente dele, e
um sinal preclaro da adesão pessoal e comunitária ao Reino de Deus.
Jesus ilustra isso com uma parábola, focalizada em
quem deve perdoar, e não no pecador ou ofensor. Jesus não costuma apresentar os
reis como imagem de Deus, e sim os pais. O personagem que merece nossa atenção
não é o rei, mas o seu empregado. Mas a parábola de hoje sublinha que, como o
rei dessa história, Deus exige que seus filhos e filhas perdoem, porque foram
antes perdoados. Diferentemente do perdão do rei, o perdão de Deus não é
condicionado e revogável, mas definitivo e incondicional.
Os 10 mil talentos devidos ao rei por um dos seus
servos correspondem a um ano dos tributos cobrados de Israel pelo imperador
romano, enquanto que a dívida do empregado inferior corresponde a apenas 100
dias de trabalho! A diferença e descomunal. Isso ressalta a imensa diferença
entre as dívidas, entre o perdão que recebemos de Deus por Jesus e o perdão que
devemos dar aos irmãos e irmãs que incorreram em débitos conosco.
Note-se que o rei não aceita dar mais prazo ao
devedor, como ele mesmo pedira, mas perdoa a dívida. Nisso, ele simboliza a
compaixão ilimitada de Deus. Mas o outro empregado não dá um prazo maior nem
perdoa, e se mostra mais cruel que o próprio rei. Para Jesus, gentileza gera
gentileza, perdão gera capacidade de perdoar. Para o cristão, o perdão é norma
e obrigação, não uma opção! Trata-se de perdoar ou perdoar.
Meditação:
§ Todos
já vivemos a experiência de ofender uma pessoa próxima e querida, ou de ser
ofendido/a por outros/as
§ Mesmo
que o perdão que recebemos dessas pessoas possa não ter sido pleno e total,
Deus não nos tratou assim
§ Recorde
suas experiências de ser perdoado/a pelas pessoas, e, principalmente, por Deus
§ Você
já se percebeu tentado/a a colocar condições e limites ao perdão que os outros
lhe pedem?
Nenhum comentário:
Postar um comentário