Ano A | 19ª
Semana Comum | Terça-feira | Mateus 18,1-14
(15/08/2023)
Nos capítulos 18 a 20 do seu evangelho, Mateus nos
oferece diversas catequeses formativas dedicadas por Jesus aos seus discípulos,
a caminho para Jerusalém. Trata-se de orientações fundamentais para que a
comunidade cristã viva um estilo de vida alternativo e profético, testemunhando
assim a força transformadora do Evangelho na vida pessoal e nas relações
comunitárias, sociais e políticas.
A tentação do elitismo e do autoritarismo rondam a
comunidade dos discípulos/as de Jesus desde sempre. A pergunta sobre quem é o
maior no Reino de Deus o demonstra claramente, e a resposta de Jesus quer
cortá-la pela raiz. Para ilustrar a virada radical que a chegada do Reino
provoca no coração das pessoas, na escala de valores e no coração do mundo,
Jesus toma a figura da criança como símbolo.
Aqui, a criança não aponta para a inocência, tão ao
gosto da modernidade burguesa, mas para sua condição social de fragilidade,
insignificância e marginalidade. Para Jesus, as crianças são o retrato perfeito
da comunidade cristã, que nasceu para viver nas margens e ensaiar uma vida
alternativa ao judaísmo e ao império romano, assumindo sua minoridade.
Esse estilo de vida é contracorrente, precisa ser
aprendido e exercitado tenazmente, pois é exigente. Como as crianças, os
discípulos/as de Jesus são preciosos aos seus olhos, são importantes por serem
pequenos, são tiradas dos últimos lugares e recebem os primeiros. E as
autoridades cristãs tem o dever de protege-los. Elas podem se perder, ou seja,
tornarem-se mais frágeis e vulneráveis ainda.
O Pai do céu não quer que nenhum deles se perca, e
a comunidade deve assumir esse cuidado em nome de Deus. Por sua vez, os/as
discípulos/as devem confiar totalmente na acolhida que o Pai suscita nas
pessoas e povos aos quais forem enviados/as. Não somos grandes ou importantes
pela origem, pela riqueza, pela educação, pela profissão, pela função social ou
pelo poder que exercemos, mas pelo batismo e porque somos filhos/as amados/as
do Pai e portadores/as do tesouro do Reino.
Meditação:
· Exercite
sua imaginação e procure participar da cena com todos os seus sentidos, para
acolher o sentido integral do texto
· Você
percebe as ambições e expectativas de reconhecimento e precedência que às vezes
se insinuam nos seus trabalhos?
· Como
você se sente em relação à condição liminar (margem, insignificância,
despojamento) dos discípulos de Jesus?
· Você
tem conseguido se exercitar na confiança no cuidado do Pai e na hospitalidade
na sua prática comunitária e pastoral?
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