domingo, 26 de outubro de 2025

A lei e a compaixão

O socorro aos necessitados é a prioridade

879 | 27 de outubro de 2025 | Lucas 13,10-17

Jesus ensina que, quando as leis ajudam a viver o amor a Deus e ao próximo, são importantes e boas. Mas quando já não servem para gerar e proteger a vida, ou quando se opõem à vida e à dignidade dos pobres, devem ser abandonadas, como ele mesmo o fez Jesus. Nesse amor, que tem dois destinatários, mas uma mesma direção – a saída de si para priorizar o outro – se resumem as Escrituras. O socorro das pessoas em suas necessidades vem antes e está acima das leis.

Hoje, Lucas nos apresenta Jesus na sinagoga. Enquanto mestre, Jesus de Nazaré ensina como “boca de Deus” e vai ao lugar especialmente destinado ao ensino da Palavra de Deus. E, mais uma vez, enfrenta a esclerose do formalismo religioso e a violenta e cínica tirania religiosa representada e exercida pelas lideranças que controlam o ensino da lei, especialmente mediante a Sinagoga. Jesus mostra sua inconformidade com isso, e não se cala nem se acomoda.

Na sinagoga, Jesus vê uma mulher duplamente excluída: por ser doente e por ser maneada por um espírito maligno. Ninguém dos mestres ali presentes dá a mínima atenção a ela, com exceção de Jesus. Jesus toma a iniciativa: sem que ela peça qualquer coisa, ele a chama, cura e liberta, estendendo a mão num solene e inequívoco gesto que denota a ação e a proteção de Deus. Para Jesus, era inaceitável prorrogar o sofrimento daquela mulher por causa de uma interdição legal.

Jesus curou a mulher num dia de sábado, e a lei que mandava guardá-lo fechava os olhos de todos a tudo o mais que não fosse o estrito cumprimento daquilo que era proibido ou mandado. Por isso, a iniciativa de Jesus suscita a louvor intenso e agradecido da mulher e, ao mesmo tempo, a fúria do chefe da sinagoga, que se volta contra ela, evitando atacar Jesus diretamente. Para ele, os encurvados podem esperar, a lei não! E se instaura a controvérsia e o debate. Como Jesus se atreve?

Jesus desmascara a hipocrisia de quem usa a religião para se dispensar do compromisso com o próximo ou para oprimi-lo. Para Jesus, a atenção às necessidades e ao bem das pessoas concretas está acima da lei, e manifesta o querer claro e inequívoco de Deus. O sentido e a finalidade de todas as leis e instituições é manter viva a memória e o sonho da criação e da libertação. É daqui que brota a alegria e o louvor. Fora disso, só resta a vergonha.

 

Sugestões para a meditação

·        Retome a cena, os gestos, perguntas e palavras de Jesus, as reações da mulher encurvada, dos chefes da sinagoga e do povo

·        Por quê nos custa tanto colocar a dignidade e a necessidade das pessoas à frente das leis e ritos?

·        Como educar e formar nossos fiéis e comunidades da liberdade solidária do Evangelho de Jesus?

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