sábado, 25 de outubro de 2025

Dia Nacional da Juventude

A juventude e o desafio de cuidar da Criação

No quarto domingo de outubro as comunidades católicas celebram no Brasil o Dia Nacional da Juventude. Esse não quer ser um evento a mais, mas parte de um processo contínuo de formação. Em 2025, guiadas pelo lema “Jovens, guardiões da Criação”, as juventudes são convidadas a pensar, refletir e realizar iniciativas no cuidado com a vida.

Mais uma vez, inspiro-me no Papa Francisco. Ele observa que os adultos de hoje caímos frequentemente na tentação de fazer uma lista enorme de vícios e defeitos da juventude, em parte, reais. Alguns há quem nos aplaude, imaginando que somos defensores dos bons costumes e especialistas nos aspetos negativos e perigos. “Mas, a que levaria isso? Uma distância sempre maior, menos proximidade, menos ajuda mútua”.

O Papa Francisco vê o jovem como “alguém que caminha com os dois pés, mas colocando um atrás do outro, pronto para partir. Falar de jovens significa falar de promessas, de alegria. Um jovem é uma promessa de vida. Eles têm suficiente insensatez para enganarem-se e suficiente capacidade para curar a decepção que daí pode derivar”.

Oxalá apoiemos e estimulemos os jovens como o Papa: “Ainda que possam se enganar, arrisquem. Não vivam anestesiados. Não olhem o mundo como se fossem turistas. Abandonem os medos que paralisam. Não se deixem mumificar. Entreguem-se ao melhor da vida! Abram as portas da gaiola e voem! Por favor, não se aposentem antes do tempo!”

Nossa mensagem, explícita ou implícita, deveria ser: “Jovens, não renunciem ao melhor da juventude. Não observem a vida da sacada. Não confundam a felicidade com um sofá, nem passem a vida diante duma tela. Não sejam como um veículo abandonado, como carros estacionados à beira da estrada. Deixem brotar os sonhos e tomem decisões”.

A sabedoria e a lucidez próprias de pai, de mãe, de pastor ou guia dos jovens os leva a “encontrar a pequena chama que continua a arder, a cana que parece quebrar-se, mas ainda não se partiu. É a capacidade de visualizar brechas, portas e caminhos onde outros só veem muros, é saber reconhecer possibilidades onde outros só veem perigos”.

É verdade que precisamos nos ocupar da educação das juventudes, especialmente da educação para os valores da paciência, da tolerância, da fraternidade, da justiça, da paz e o cuidado da criação. Mas essa educação supõe em nós a disposição de escutá-los e valorizá-los; de atuar mais com eles que para eles; de guiá-los na aquisição de valores culturais e éticos; de superar a ditadura do presente por uma visão de futuro; de oferecer uma educação livre da ditadura das informações e da tecnologia.

Finalmente, a educação para a justiça, a paz e o cuidado da criação deve ocorrer na justiça e na paz, num ambiente familiar, escolar e eclesial no qual a justiça, a paz, a fraternidade e a solidariedade são testemunhadas em relações cotidianas e não se reduzam a conceitos ou deveres. Para isso, precisamos avaliar os processos e os programas formativos das nossas comunidades, escolas e universidades.

Dom Itacir Brassiani msf

Bispo de Santa Cruz do Sul

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