sábado, 18 de outubro de 2025

Dia Mundial das Missões

Enviados a semear sinais tangíveis de esperança

Há 90 anos as comunidades católicas marcam o mês de outubro com a intensificação do seu compromisso com as missões. Uma das principais atividades do mês é o Dia Mundial de Oração pelas Missões, que ocorre no terceiro domingo, inclusive com que arrecadação de doações financeiras como sinal da cooperação com as missões católicas no mundo.

O Papa faz-se presente nessa agenda com uma mensagem na qual propõe um tema a ser refletido pelas comunidades cristãs. Neste ano, a mensagem foi escrita pelo saudoso Papa Francisco, e nos convida a ser missionários da esperança entre os povos. Tenho o prazer de compartilhar com vocês algumas ideias dessa bela e oportuna mensagem.

Na condição de discípulos de Jesus Cristo, somos constituídos artesãos de esperança e restauradores de uma humanidade marcada por sombras ameaçadoras, divisões e distrações que só podem gerar infelicidade. Guiados pelo Espírito de Jesus, precisamos inaugurar uma nova estação evangelizadora, com mensagens claras e sinais concretos.

Somos chamados e enviados a anunciar o Evangelho da Esperança partilhando as condições concretas de vida do nosso povo. Através de nós, nos nossos gestos e relações, é o próprio Senhor Jesus que continua o seu ministério de esperança em favor da humanidade, e continua se inclinando sobre cada pobre, aflito, desesperado ou oprimido.

Animados pela esperança de um novo céu e uma nova terra, na qual a Justiça tem sua morada (cf. 2Pe 3,13), esperança que não é superficial nem enganosa, cabe-nos ser sinais de uma nova humanidade num mundo que apresenta graves sintomas de crise do humano, como desorientação, solidão e abandono dos idosos, e indiferença generalizada.

Os discípulos de Jesus, são sempre gente de primavera ou de aurora, pois em Cristo acreditamos e sabemos que a indiferença, a violência e a morte não são as últimas palavras sobre da existência humana. Esse horizonte de esperança ultrapassa as realidades deste mundo e abre-se às divinas, que já vislumbramos como luz sob a porta.

O anúncio e o testemunho do Evangelho é sempre uma ação comunitária, como o é a esperança cristã. Este processo não termina com o primeiro anúncio e com o batismo, mas continua na construção de comunidades cristãs fraternas e solidárias. Elas ajudam seus membros a caminhar à luz do Evangelho e a ensaiar uma nova humanidade.

Nesta perspectiva, somos convocados a um empenho sincero para colocar sinais de esperança mediante as ações indicadas pelo Papa Francisco no Jubileu da Esperança: uma atenção especial aos pobres e fracos, aos doentes, aos idosos e todos excluídos da sociedade. E a fazê-lo com proximidade, compaixão e ternura, que é o jeito de Deus.

Mas não esqueçamos o contexto regional que nos envolve e atravessa: a casa comum e seus habitantes feridos e arruinados por eventos climáticos provocados por hábitos e estruturas econômicas irresponsáveis e insustentáveis; um Congresso que não consegue pensar e deliberar senão pensando em seus privilégios e interesses; uma população atingida por medidas tributárias unilaterais e injustificáveis impostas por Donald Trump.

Dom Itacir Brassiani msf

Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul

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