Enviados a semear sinais tangíveis de esperança
Há 90 anos as comunidades católicas marcam o mês de outubro com a
intensificação do seu compromisso com as missões. Uma das principais atividades
do mês é o Dia Mundial de Oração pelas
Missões, que ocorre no terceiro domingo, inclusive com que arrecadação de
doações financeiras como sinal da cooperação com as missões católicas no mundo.
O Papa faz-se presente nessa agenda com uma mensagem na qual propõe
um tema a ser refletido pelas comunidades cristãs. Neste ano, a mensagem foi
escrita pelo saudoso Papa Francisco, e nos convida a ser missionários da
esperança entre os povos. Tenho o prazer de compartilhar com vocês algumas
ideias dessa bela e oportuna mensagem.
Na
condição de discípulos de Jesus Cristo, somos constituídos artesãos de
esperança e restauradores de uma humanidade marcada por sombras ameaçadoras,
divisões e distrações que só podem gerar infelicidade. Guiados pelo Espírito de
Jesus, precisamos inaugurar uma nova estação evangelizadora, com mensagens
claras e sinais concretos.
Somos chamados e enviados a anunciar o Evangelho da Esperança
partilhando as condições concretas de vida do nosso povo. Através de nós, nos
nossos gestos e relações, é o próprio Senhor Jesus que continua o seu ministério
de esperança em favor da humanidade, e continua se inclinando sobre cada pobre,
aflito, desesperado ou oprimido.
Animados
pela esperança de um novo céu e uma nova terra, na qual a Justiça tem sua
morada (cf. 2Pe 3,13), esperança que não é superficial nem enganosa, cabe-nos
ser sinais de uma nova humanidade num mundo que apresenta graves sintomas de
crise do humano, como desorientação, solidão e abandono dos idosos, e
indiferença generalizada. 
Os discípulos de Jesus, são sempre gente de primavera ou de aurora,
pois em Cristo acreditamos e sabemos que a indiferença, a violência e a morte não
são as últimas palavras sobre da existência humana. Esse horizonte de esperança
ultrapassa as realidades deste mundo e abre-se às divinas, que já vislumbramos
como luz sob a porta.
O anúncio e o testemunho do Evangelho é sempre uma ação
comunitária, como o é a esperança cristã. Este processo não termina com o
primeiro anúncio e com o batismo, mas continua na construção de comunidades
cristãs fraternas e solidárias. Elas ajudam seus membros a caminhar à luz do
Evangelho e a ensaiar uma nova humanidade.
Nesta perspectiva, somos convocados a um empenho sincero para colocar
sinais de esperança mediante as ações indicadas pelo Papa Francisco no Jubileu
da Esperança: uma atenção especial aos pobres e fracos, aos doentes, aos idosos
e todos excluídos da sociedade. E a fazê-lo com proximidade, compaixão e
ternura, que é o jeito de Deus.
Mas não esqueçamos o contexto regional que nos envolve e
atravessa: a casa comum e seus habitantes feridos e arruinados por eventos
climáticos provocados por hábitos e estruturas econômicas irresponsáveis e
insustentáveis; um Congresso que não consegue pensar e deliberar senão pensando
em seus privilégios e interesses; uma população atingida por medidas
tributárias unilaterais e injustificáveis impostas por Donald Trump.
Dom Itacir Brassiani msf
Bispo Diocesano de Santa Cruz do Sul
 
 
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