Sem hipocrisia,
cinismo e indiferença
867 | 15 de outubro
de 2025 | Lucas 11,42-46
A
expressão “ai de vós” é própria dos profetas e profetizas de Israel, recorrente
nos apelos à conversão em situações de pecado e de injustiça social, já que são
essas situações que atraem a ruína da sociedade, especialmente dos mais pobres.
São mais lamentações que ameaças, e têm mais força moral e espiritual que
poder. Mas não esqueçamos que, segundo Lucas, Jesus pronuncia essa série de
advertências aos fariseus estando na casa de um deles!
Jesus começa
dirigindo-se aos fariseus. A primeira lamentação,
crítica ou denúncia de Jesus voltada aos fariseus põe em evidência a proverbial
obsessão deles pelos detalhes insignificantes das leis, ao mesmo tempo em que
ignoram olimpicamente aquilo que é transcendente e essencial, ou seja, a
prática do amor e da justiça em favor dos setores sociais em situação de
vulnerabilidade social e das pessoas desamparadas. Eles se apegam à
exterioridade e às coisas secundárias.
A segunda acusação é a constante
reivindicação de prioridade, honra e privilégio, uma espécie de gosto pelo
exibicionismo. No fundo, segundo Lucas, os fariseus querem ser considerados e
reconhecidos como as pessoas e os fiéis mais perfeitos, mais honrados e mais
importantes, mas não se preocupam com a incoerência com aquilo que creem e
ensinam. Assim, vivem o contrário daquilo que ensinam, e o que fazem é colocar
fardos pesados nas costas dos mais pobres.
A terceira crítica dirigida aos
fariseus é de falsidade ou hipocrisia, o hábito de demonstrar uma piedade que
não vivem, de esconder a podridão interior e os interesses vorazes sob uma
roupagem de piedade. É nisso que os fariseus, como grupo religioso e social, se
parecem com sepulturas disfarçadas com pinturas e ornamentos, comportamento que
leva os fiéis a andar por caminhos errados e a se contaminarem com imundícies
sem darem-se conta.
Mais que uma ira santa contra alguns, Jesus
expressa aqui seu amor solidário pelas vítimas desses comportamentos
contraditórios. Mas, para a elite do judaísmo, essa fala de Jesus ressoa como
acusação e insulto, e este chapéu acaba servindo também à cabeça dos mestres da
lei. Como eles assumem as dores dos fariseus, Jesus contempla também eles em
sua crítica: o pecado deles consiste em impor pesados fardos aos ombros já
encurvados, em vez de estender a mão para erguê-los. 
Sugestões para a meditação
§ Reconstrua
mentalmente a cena na casa do fariseu, participe dela, escute cada acusação que
Jesus dirige ao seu grupo
§ Será que nós,
que exercemos alguma liderança em nossas comunidades de fé, não somos parecidos
com os fariseus?
§ Onde nossas
incoerências e nossa hipocrisia se mostram mais claramente? 
§ Em que
situações somos como sepulturas que ninguém vê e, por isso, levamos a pessoas a
práticas desviantes do Evangelho?
 
 
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