Aumentemos os
convidados à mesa, não os celeiros!
872 | 20 de outubro de
2025 | Lucas 12,13-21
Chamando Jesus de
mestre, o personagem sem nome da cena do evangelho de hoje não está expressando
sua adesão a ele. Jesus percebe a ironia da saudação e as contradições do
demandante, tanto que, respondendo, dá a entender que, se não for aceito como
mestre, também não pode ser buscado como juiz. No fundo, Jesus percebe que este
indivíduo não é uma pessoa em necessidade e nem candidato a discípulo. Trata-se
de alguém queimado pela ganância. Mas essa situação proporciona a Jesus a
oportunidade de falar sobre a relação do discípulo com os bens.
“Atenção! Guardai-vos contra todo
tipo de ganância, pois mesmo que se tenha muitas coisas, a vida não consiste na
abundância de bens”. Esta é a reação de Jesus ao perceber que, por trás de
muitos pedidos de “justiça”, não está uma necessidade, nem uma sede de justiça,
mas o desejo de possuir bens. E, para sublinhar a seriedade da sua exortação, propõe
uma parábola na qual o protagonista é uma pessoa radicalmente voltada para si
mesma, extremamente ambiciosa, que fala e decide tudo sozinha e não se interessa
por mais ninguém. 
No final de uma safra bem-sucedida,
o personagem diz a si mesmo: “Meu caro, tens uma boa reserva para muitos anos.
Descansa, come, bebe e goza da vida”. Como não lembrar aqui a parábola do rico
que festeja indiferente à miséria de Lázaro que jaz à sua porta (Lc 16,19-31)?
Segundo Jesus, as pessoas que agem assim são desprovidas de qualquer resquício
de razão, vazias de qualquer valor humano, e passam longe da piedade cristã.
São o tipo de indivíduos que, com suas decisões, cavam abismos que os separam
dos demais “simples humanos”. 
Mas,
se o acúmulo desmedido de bens é tolice e pobreza humana, o que significa ‘ser
rico diante de Deus’? Está claro que, para Jesus, o problema não está nos bens
em si mesmos. O mal dos bens está no obstáculo que podem interpor à liberdade
radical e ao engajamento no movimento do Reino de Deus, que passa necessariamente
pela partilha solidária. O Reino de Deus é a pérola preciosa e o tesouro que
vale mais que tudo, o terreno no qual brota o trigo que vai para a mesa dos
pobres, o ventre no qual é gerada a nova humanidade. Aos ricos, o que falta não
são armazéns novos, mas uma visão mais solidária e um coração mais generoso. A
pessoa rica diante de Deus aumenta o tamanho da mesa, para acolher, e não as dimensões
do celeiro!
Sugestões para a meditação
§ Leia atentamente esse relato de Lucas, e perceba a atitude
dos personagens, especialmente o ensino de Jesus
§ Preste atenção nas palavras do protagonista da parábola: o
“eu” está no centro de tudo, ocupa todo o seu pensamento
§ Quais as luzes que a parábola e o ensino de Jesus trazem
para quem só pensa em acumular, e para quem não tem nem o necessário?
§ O que significar hoje ser “rico diante de Deus” e “não
ajuntar tesouros para si mesmo”?
 
 
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