Somente a compaixão
nos purifica e nos liberta
866 | 14 de outubro
de 2025 | Lucas 11,37-41
No contexto do
duro embate que trava em Jerusalém com as elites defensoras do judaísmo, Jesus
as acusa de ser uma “geração perversa”. E contrapõe a elas dois fatos relatados
pelo Antigo Testamente: o povo pagão de Nínive, que se converte ouvindo a
pregação de Jonas; a rainha pagã que busca Salomão e reconhece sua sabedoria. E
Jesus é mais que Jonas, e mais que Salomão.
Eis que, neste contexto, um fariseu
convida Jesus para um jantar em sua casa, provavelmente não por amizade, mas
por curiosidade e expectativa de poder confirmar seus preconceitos e comprovar
pessoalmente as “heresias” de Jesus. Não esqueçamos que, ao apresentar estes
fatos, Lucas tem presentes as polêmicas vividas pelas comunidades cristãs do
oriente médio, no final do século I da era cristã.
A liberdade e autenticidade de
Jesus espanta o fariseu, e, por sua vez, Jesus fica impressionado com a
hipocrisia deles. Então, na própria casa do anfitrião, Jesus percebe e denuncia
que, por trás da aparência de piedade e de correção, os fariseus escondem uma
personalidade geralmente corrompida e um caráter dominado por relações
violentas. Eles defendem a pureza ritual como a coisa mais importante da vida e
da religião, mas menosprezam ou esquecem todo o resto.
Jesus propõe ao fariseu e seus
comparsas, e especialmente aos seus discípulos de ontem e de hoje, uma nova
interpretação da pureza: ela não vem dos ritos e de coisas externas, mas da
ação, da misericórdia; não depende do rito de lavar objetos ou de evitar
contatos. Jesus passa longe de uma religião e um estilo de vida centrado nas
aparências. Para ele, a ênfase nas aparências sociais não passa de hipocrisia.
Nas
sociedades rurais antigas, a esmola era uma prática de partilha solidária, de
justiça, de misericórdia, uma importante prática de correção ou limitação dos
efeitos nocivos da desigualdade. Para Jesus, é nessa prática generosa e
solidária que se distingue o essencial do secundário. Fazendo o contrário,
fechando-se em si mesmas e apegando-se aos seus poucos ou muitos bens, as pessoas
acabam exercendo um poder que oprime, e vivendo uma religião superficial,
mesquinha e hipócrita. Jesus é exemplo e modelo de uma vida vivida como
compaixão e misericórdia.
Sugestões para a meditação
§
Reconstrua
mentalmente a cena, participe dela, entre na casa do fariseu, veja como ele
observa Jesus e como Jesus observa ele
§
Acolha palavra por
palavra as duras palavras que Jesus dirige ao fariseu, e a todas as pessoas que
vivem uma fé de fachada
§
Que aspectos da
nossa prática cristã, como fiéis e como comunidade, Jesus pede que sejam
mudados?
§
Quais são os
aspectos secundários do Evangelho que nossas Igrejas estão colocando no lugar
daquilo que é essencial?
 
 
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