quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Podemos contar os cabelos?

Quem segue Jesus está sob o cuidado do Pai

869 | 17 de outubro de 2025 | Lucas 12,1-7

Depois das cinco denúncias dirigidas aos fariseus e mestres ou doutores da lei, Jesus prossegue no seu esforço de delimitar a diferença entre eles e os discípulos que chama, forma e envia. Mas agora fala diretamente àqueles que o seguem, e em tom de exortação, não de crítica ou de denúncia. Trata-se de um momento e de uma catequese muito estimulantes.

No meio de uma multidão que se aproxima impressionada por seu ensino e sua ação libertadora, Jesus se dirige aos discípulos chamando-os de amigos. E alerta para que estejam sempre atentos ao fermento da hipocrisia, característica dos fariseus que pode contaminar a comunidade cristã. As comunidades, e a Igreja como um todo, podem sofrer essa influência. E nós sabemos o quanto isso tem acontecido, em todos os tempos, e alcança setores e personagens da Igreja até hoje.

Este fermento é a perversidade latente, escondida sob uma piedade não mais que aparente. Todos os que seguimos Jesus precisamos levar uma vida transparente, crer e viver de modo coerente, gratuito, solidário e desinteressado. Não se trata de uma adesão meramente formal ou nominal a um sistema religioso ou a uma instituição. Jesus ilustra isso com três conjuntos de sentenças, ligadas entre si e em contraposição às críticas e advertências dirigidas aos fariseus e doutores da lei (mas também aos discípulos e discípulas) que meditamos no capítulo anterior.

Nos poucos versículos do trecho do evangelho de hoje, Jesus fala três vezes sobre o medo. Parece que os discípulos sentem-se acossados pelo medo de não estar à altura de cumprir todas as minúcias da lei ensinada pelos mestres do judaísmo, e, ao mesmo tempo, pelo medo de serem rejeitados pelo judaísmo oficial. Mas o que eles devem temer é a perda do sentido da vida, a perda do rumo, é trilhar um caminho que não seja o caminho de Jesus. E é isso que deveríamos temer também nós;

Chamados a evitar uma fé formal e aparente e a anunciar o Evangelho a todas as pessoas e povos, e não apenas às elites e aos judeus, os discípulos e amigos de Jesus devemos estar cientes de que poderemos ter o mesmo destino do Mestre. Por isso, devemos confiar no amor e na assistência permanente do Pai. É dessa confiança brota a ousadia e a perseverança!

 

Sugestões para a meditação

§ Reconstrua a cena, veja as multidões se apertando em torno de Jesus, sedentos de palavras e gestos de compaixão

§ Acolha cada uma das sentenças que Jesus pronuncia, procurando dar a elas um significado atual

§ Quais são os medos que atordoam e desmobilizam nossas famílias, comunidades e a Igreja como um todo?

§ Entre na metáfora dos pardais e dos cabelos, e deixe-se envolver pela confiança que nos faz livres e fiéis em Cristo

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