A Noite está no fim,
mas o Dia ainda não raiou!
873 | 21 de outubro
de 2025 | Lucas 12,35-38
Depois
de falar sobre a relação com os bens materiais, subordinando-os à lógica do
Reino de Deus, Jesus fala sobre a beleza imerecida e gratuita dos lírios do
campo (texto omitido na sequência que estamos refletindo). E adverte os
ouvintes: ninguém pode acrescentar nada, por esforço e preocupação, à própria
vida. Por fim, pede que os discípulos invistam em “fundos seguros”, ou seja, no
Reino de Deus. Este é o tesouro que os ladrões não roubam e a ferrugem não
come. E é essa a atitude esperada daqueles a quem foi oportunizada uma grande
colheita.
No texto de hoje, o
assunto do ensino de Jesus é a espera vigilante e ativa do Reino de Deus,
especialmente quando ele parece demorar ou ser uma simples ilusão. Jesus se
dirige aos discípulos, e sua fala está marcada pelo tempo pós-pascal, com a
crise da espera e da confiança que os discípulos enfrentavam com o adiamento do
“retorno” de Jesus. A espera vigilante é sempre essencial para quem segue os
passos de Jesus. Ninguém pode, sob nenhum pretexto, “baixar a guarda”. Viver
esperando significa viver de espera, mas vigilantes, significa esperançar as
buscas e a espera.
Jesus ilustra esta
espera ativa com duas imagens (o cinto que cinge os quadris e as lâmpadas sempre
acesas) e com três parábolas (das quais hoje meditamos apenas a primeira). Para
esperar adequadamente o retorno do patrão da festa de casamento, o pessoal da
casa deve estar preparado: acordado, com as lâmpadas da casa acesas e com o
cinto bem ajustado, para que as vestes não impeçam os movimentos necessários
para acolher e servir. E isso mesmo que a hora for adiantada e o sono começar a
pesar no corpo. Assim, podem abrir a porta, sem demora nem obstáculos. Isso é
viver de modo sábio e responsável.
Relendo a parábola no horizonte do discipulado, entendemos que,
se Jesus partiu, ele não disse adeus, e voltará, pois partir não significa
necessariamente ir embora. Disso os discípulos não podemos duvidar, nem esperar
“atirando-nos nas cordas”. Precisamos ser como o pessoal da casa da parábola de
Jesus. Jesus “se ausentou do nosso meio” porque foi celebrar a aliança, e crer
nele significa mover-se numa fé vigilante, ativa e perseverante no serviço. É
ela que acende luzes na escuridão e ajuda a caminhar com segurança, pois a
noite está no fim, mas a aurora ainda não raiou. A recompensa é a participação
na mesa dos amados de Deus, do povo que ele ama, escolhe, educa e envia. O próprio
Jesus, Servo bom e fiel, os servirá à mesa.
Sugestões para a meditação
§ Retome e
reconstrua o fato, a parábola e a conclusão de Jesus, acolha suas palavras e
incisivas, deixe-se levar pelas imagens do cinto e da luz
§ Imagine-se
dentro da parábola do pessoal da casa que espera a volta do patrão, ansiosos e
atentos
§ Identifique
as situações em que você cede à tentação de “baixar a guarda”, de simplesmente
“levar a vida”
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário