Vista parcial dos/as participantes do Simposio. |
Começou hoje em Roma um simpósio sobre o futuro da vida consagrada. É promovido pela Pontifícia Universidade Lateranense e pelo Instituto de Teologia da Vida Consagrada Claretianum. O Simposio se estenderá de 13 a 16 de dezembro, e é organizado em torno de uma pergunta provocativa: “Ainda faz sentido consagrar-se a Deus?”
Na sessão de abertura, na tarde de hoje, foram abordados dois temas: a) Declínio e renascimento dos institutos religiosos: uma lição da história (confiado ao prof. Arturo Pinacho); b) O futuro da fé cristã: qual é a tarefa das pessoas consagradas? (desenvolvido por D. Rino Fisichella).
Morte e renascimento dos Institutos
O professor Arturo Pinacho (do Instituto Claretianum) apresentou uma interessante abordagem histórica, assinalando que alguns institutos morrem naturalmente, mas outros são eliminados violentamente. As causas da morte natural podem ser: falta de adaptação e inculturação (como foi o caso dos columbanos na Europa); muita dependência da pessoa do/a fundador/a e falta de dinamismos e estruturas autonomas; debilidade do carisma. As causas de morte violenta são, em geral: conflito de interesse e consequente perseguição e eliminação por forças politicas caso dos templários); mudanças no ambiente sócio-cultural (ordem do Santíssimo Salvador); pressões e proibições eclesiásticas (jesuítas).
D. Rino Fisichella e Prof. Arturo Pinacho |
Por outro lado, a história demonstra que alguns institutos religiosos mortos ou desaparecidos renascem. As causas do renasicmento podem ser várias: renovação e sucessivas reformas internas (como é o caso davida monástica); a morte pode ter sido apenas aparente (como é o caso dos jesuítas); o fascínio da figura do/a fundador/a (como é o caso da ordem de Santa Brígida); o resgate do ideal (como é o caso dos institutos seculares); a sobrevivência do carisma (como aconteceu com o carisma de Charles de Foucault).
As pessoas consagradas e o futuro da fé cristã
Dom Rino Fisichella é o presidente do recém-criado Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. Iniciou sua reflexão lembrando que os homens e mulheres de hoje fazem a experiência de um Deus distante e calado. E disse que fé, oração e espera do Senhor e do seu Reino são dinamismos sempre coligados. Como cristãos e religiosos/as, somos chamados a viver uma expectativa orante.
Mas quando Dom Fisichella entrou na questão da nova evangelização, nem mesmo o entusiasmo com que falou conseguiu desviar a atenção da sua perspectiva no mínimo discutível. Disse que os cristãos precisamos enfrentar o problema da patologia do mundo, do seu fechamento a Deus e ao Mistério, e que isso exige um pensamento forte e uma ação pastoral coerente.
Mas ele simplesmente ignorou que o mundo de hoje não apresenta apenas patologias e que a Igreja não tem respostas prontas para todas as perguntas, nem aquilo que satisfaz a todas as buscas humanas. Apeasar de suas inegáveis ambiguidades, o mundo oferece também valores que a Igreja ainda não consegue assimilar, tais como: a democracia direta e a participação cidadã; a liberdade de consciência e de escolha; o respeito e a promoção da mulher; a defesa dos direitos humanos; a defesa e conservação do ambiente.
Presença majoritaria feminina |
Ora, uma nova evangelização não pode ser levada adiante por uma velha Igreja, arrogante e dominadora, habituada a tratar o mundo e as pessoas como crianças ou deficientes. O mundo e a cultura nos quais estamos inseridos rejeita uma relação que parte de uma atitude de superioridade e tem como objetivo a conquista e a doutrinação. Penso que se a nova evangelização não parte da aceitação da maturidade e dos valores do mundo pode "ensacar a viola".
Itacir msf
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