A paz como caminho de esperança:
diálogo, reconciliação e conversão ecológica
5. Obtém-se tanto quanto se espera
O caminho da
reconciliação requer paciência e confiança. Não se obtém a paz, se não a
esperamos. Trata-se, antes de mais nada, de acreditar na possibilidade da
paz, de crer que o outro tem a mesma necessidade de paz que nós. Nisto,
pode-nos inspirar o amor de Deus por cada um de nós, amor libertador,
ilimitado, gratuito, incansável.
O medo é
frequentemente fonte de conflito. Por isso, é importante ir além dos nossos
temores humanos, reconhecendo-nos filhos necessitados diante d’Aquele que nos
ama e espera por nós, como o Pai do filho pródigo (cf. Lc 15, 11-24). A cultura do
encontro entre irmãos e irmãs rompe com a cultura da ameaça. Torna cada
encontro uma possibilidade e um dom do amor generoso de Deus. Faz-nos de guia
para ultrapassarmos os limites dos nossos horizontes estreitos, procurando
sempre viver a fraternidade universal, como filhos do único Pai celeste.
Para os discípulos de Cristo, este caminho é apoiado também pelo
sacramento da Reconciliação, concedido pelo Senhor para a remissão dos pecados
dos batizados. Este sacramento da Igreja, que renova as pessoas e as
comunidades, convida a manter o olhar fixo em Jesus, que reconciliou «todas as
coisas, pacificando pelo sangue da sua cruz, tanto as que estão na terra como
as que estão no céu» (Col 1, 20); e pede para depor toda a violência nos
pensamentos, nas palavras e nas obras quer para com o próximo quer para com a
criação.
A graça de Deus Pai oferece-se como amor sem condições. Recebido
o seu perdão, em Cristo, podemos colocar-nos a caminho para ir oferecê-lo aos
homens e mulheres do nosso tempo. Dia após dia, o Espírito Santo sugere-nos
atitudes e palavras para nos tornarmos artesãos de justiça e de paz.
Que o Deus da paz nos
abençoe e venha em nossa ajuda. Que Maria, Mãe do Príncipe da paz e Mãe de
todos os povos da terra, nos acompanhe e apoie, passo a passo, no caminho da
reconciliação. E que toda a pessoa que vem a este mundo possa conhecer uma
existência de paz e desenvolver plenamente a promessa de amor e vida que traz
em si.
Vaticano, 8 de dezembro de 2019.
Franciscus
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