quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

O Evangelho dominical (Pagola) - 15.12.2019


A IDENTIDADE DE JESUS

Até a prisão de Maqueronte, onde está preso por Antipas, chegam ao Baptista notícias de Jesus. O que ouve deixa-o desconcertado. Não corresponde às suas expectativas. Ele espera um Messias que se imponha com a força terrível do julgamento de Deus, salvando aqueles que receberam seu batismo e condenando aqueles que o rejeitaram. Quem é Jesus?
Para ficar sem dúvidas, João encarrega dois discípulos que perguntem a Jesus sobre a Sua verdadeira identidade: «És Tu o que há de vir ou temos que esperar por outro?» A questão era decisiva nos primeiros momentos do cristianismo.
A resposta de Jesus não é teórica, mas muito concreta e precisa: comuniquem a João «o que estão vendo e ouvindo». Perguntam-Lhe pela Sua identidade, e Jesus responde-lhes com a Sua ação curativa ao serviço dos doentes, dos pobres e dos infelizes que encontra nas aldeias da Galileia, sem recursos nem esperança para uma vida melhor: «Os cegos vêm e os inválidos andam; os leprosos estão limpos e os surdos ouvem; os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se a Boa Nova».
Para conhecer Jesus, é melhor ver de quem se aproxima e a que se dedica. Para captar bem a Sua identidade, não basta confessar teoricamente que é Ele o Messias, Filho de Deus. É necessário sintonizar com o Seu modo de ser Messias, que não é outro senão o de aliviar o sofrimento, curar a vida e abrir um horizonte de esperança para os pobres.
Jesus sabe que a sua resposta pode decepcionar aqueles que sonham com um Messias poderoso. Por isso acrescenta: «Bem-aventurado aquele que não se sente decepcionado comigo». Que ninguém espere outro Messias que realize outro tipo de «obras»; que ninguém invente outro Cristo mais ao seu gosto, pois o Filho foi enviado para tornar a vida mais digna e bem-aventurada para todos, até atingir a sua plenitude na festa final do Pai.
Que Messias os cristãos seguem hoje? Dedicamo-nos a fazer «as obras» que fazia Jesus? E se não as fazemos, o que estamos a fazer no meio do mundo? O que estão «vendo» e «ouvindo» as pessoas na Igreja de Jesus? O que vê nas nossas vidas? Que escuta nas nossas palavras?
José Antonio Pagola.
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez.

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