A
perseverança na luta pela nossa dignidade é o segredo da vitória | 533 |16. 11.2024 | Lucas 18,1-18
O episódio do evangelho de hoje se relaciona com
aqueles trechos que lemos e meditamos nos últimos dias pelo tema da fé
confiante e perseverante. A questão central não é propriamente a oração, mas
aquilo que ela busca e expressa: a fidelidade de Deus e a confiança nele,
especialmente nos tempos de demora e tribulação. E eu os convido a ler e meditar
sobre ele no horizonte do tema da 8ª Jornada Mundial dos Pobres, convocada pelo
Papa Francisco para o domingo.
A parábola do juiz e da viúva é, no mínimo,
inusitada. Se a figura de uma viúva injustiçada e indefesa pode facilmente
representar os discípulos em tempos de perseguição, ou povos inteiros que
clamam por compaixão e respeito à sua dignidade, um juiz desumano, agnóstico e
pragmático não parece uma boa representação da ação de Deus, ao menos da imagem
de Deus que Jesus Cristo nos apresenta em sua ação e em seu ensino.
Vivendo num tempo de perseguições violentas, de
aparente ausência ou de silêncio de Deus, a comunidade dos discípulos de Jesus que
Lucas conhece muito bem se questiona quando isso terá fim, quando Jesus se
manifestará em sua glória, quando ele fará justiça aos oprimidos. O risco da
desilusão e da resignação é grande, e só lhes resta uma arma para combatê-la: a
insistência, a perseverança na oração.
É nisso que a figura da viúva suplicante reforça a
exortação de Jesus. A viúva não se resigna nem se intimida frente à absoluta
indiferença do juiz. A insistência é a única arma que lhe resta, em sua extrema
vulnerabilidade. Esta perseverança insistente de uma pessoa indefesa produz seus
frutos, pois acaba dobrando o juiz insensível.
A lição que Jesus transmite é evidente. Se um juiz
desumano e injusto se dobra e atende, por razões pragmáticas, a demanda da
viúva indefesa, Deus Pai poderia ser pior que ele? O Pai está sempre atento aos
clamores e dores do seu povo, e pronto a atender as necessidades dos seus
filhos e filhas. Ele toma a peito a causa dos pobres!
Para Jesus, a oração não tem um caráter piedoso e pragmático, mas
engajado e programático. A oração cristã ajuda a discernir, acolher e realizar
a vontade do Pai. Se faltar essa atitude de abertura e de busca confiante, se
grassarem a dúvida na força e no socorro de Deus, não há mais fé, e o que resta
é apenas uma ideologia religiosa.
Meditação:
· Solte as asas da sua imaginação e coloque-se
dentro desta história imaginaria, interagindo com os personagens, tendo
presente a Jornada Mundial dos Pobres
· Procure sintonizar com os diferentes grupos
sociais e cristãos que lutam desesperadamente por sua dignidade e seus direitos
· Procure acolher, compreender e tirar as
consequências da afirmação de que Deus leva a peito as dores dos seus filhos,
que ele ouve o clamor dos pobres
· A fé vivida e celebrada por sua comunidade
suscita perseverança nas lutas e confiança na justiça de Deus?
Um comentário:
Estou certa!
Postar um comentário