sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A perseverança na luta pela nossa dignidade é o segredo da vitória

A perseverança na luta pela nossa dignidade é o segredo da vitória | 533 |16. 11.2024 | Lucas 18,1-18

O episódio do evangelho de hoje se relaciona com aqueles trechos que lemos e meditamos nos últimos dias pelo tema da fé confiante e perseverante. A questão central não é propriamente a oração, mas aquilo que ela busca e expressa: a fidelidade de Deus e a confiança nele, especialmente nos tempos de demora e tribulação. E eu os convido a ler e meditar sobre ele no horizonte do tema da 8ª Jornada Mundial dos Pobres, convocada pelo Papa Francisco para o domingo.

A parábola do juiz e da viúva é, no mínimo, inusitada. Se a figura de uma viúva injustiçada e indefesa pode facilmente representar os discípulos em tempos de perseguição, ou povos inteiros que clamam por compaixão e respeito à sua dignidade, um juiz desumano, agnóstico e pragmático não parece uma boa representação da ação de Deus, ao menos da imagem de Deus que Jesus Cristo nos apresenta em sua ação e em seu ensino.

Vivendo num tempo de perseguições violentas, de aparente ausência ou de silêncio de Deus, a comunidade dos discípulos de Jesus que Lucas conhece muito bem se questiona quando isso terá fim, quando Jesus se manifestará em sua glória, quando ele fará justiça aos oprimidos. O risco da desilusão e da resignação é grande, e só lhes resta uma arma para combatê-la: a insistência, a perseverança na oração.

É nisso que a figura da viúva suplicante reforça a exortação de Jesus. A viúva não se resigna nem se intimida frente à absoluta indiferença do juiz. A insistência é a única arma que lhe resta, em sua extrema vulnerabilidade. Esta perseverança insistente de uma pessoa indefesa produz seus frutos, pois acaba dobrando o juiz insensível.

A lição que Jesus transmite é evidente. Se um juiz desumano e injusto se dobra e atende, por razões pragmáticas, a demanda da viúva indefesa, Deus Pai poderia ser pior que ele? O Pai está sempre atento aos clamores e dores do seu povo, e pronto a atender as necessidades dos seus filhos e filhas. Ele toma a peito a causa dos pobres!

Para Jesus, a oração não tem um caráter piedoso e pragmático, mas engajado e programático. A oração cristã ajuda a discernir, acolher e realizar a vontade do Pai. Se faltar essa atitude de abertura e de busca confiante, se grassarem a dúvida na força e no socorro de Deus, não há mais fé, e o que resta é apenas uma ideologia religiosa.

 

Meditação:

·    Solte as asas da sua imaginação e coloque-se dentro desta história imaginaria, interagindo com os personagens, tendo presente a Jornada Mundial dos Pobres

·    Procure sintonizar com os diferentes grupos sociais e cristãos que lutam desesperadamente por sua dignidade e seus direitos

·    Procure acolher, compreender e tirar as consequências da afirmação de que Deus leva a peito as dores dos seus filhos, que ele ouve o clamor dos pobres

·    A fé vivida e celebrada por sua comunidade suscita perseverança nas lutas e confiança na justiça de Deus?

Um comentário:

Anônimo disse...

Estou certa!