sábado, 23 de novembro de 2024

Jesus é rei porque revela e afirma a dignidade do ser humano

Jesus é rei porque revela e afirma a dignidade do ser humano | 541|24. 11.2024 | João 18,33-37

Jesus não foi nem sacerdote, nem rei. Como profeta e reformador, irmão dos pobres e pecadores e servidor dos oprimidos, ele revelou o melhor que pode haver no ser humano e fez brilhar no mundo a glória de Deus. Ele não precisa de outra dignidade! A única razão aceitável para aproximar Jesus Cristo da figura do rei seria a de contrastar e relativizar todos os poderes.

A cena de Jesus diante de Pilatos é paradoxal. Um preso despojado de tudo, acusado pelos seus próprios compatriotas, sem direito à defesa, está cara-a-cara com uma autoridade plenipotenciária que está a serviço de um poder invasor. Um homem habituado às estradas é colocado diante de um senhor habitante de palácios. A cena insinua um confronto radical, e a pergunta de Pilatos é clara: “Tu és o rei dos judeus?” Pilatos não pergunta se ele é um rei, mas se é o rei; e não o refere a Israel (povo escolhido por Deus) mas aos judeus (um povo ou uma raça em meio a tantas).

Pilatos se interessa mais pela ação que pelos títulos. Por isso, pergunta que tipo de liderança Jesus exerce: “O que fizeste?” Jesus responde libertadora da sua ação. Diz que seu reino “não é deste mundo”, pois sua ação se distancia da força e do poder, tem outro dinamismo e se rege por outra finalidade. Jesus age solidariamente para responder às necessidades do seu povo, recusa assumir o poder (cf. Jo 6,15) e se opõe duramente aos príncipes do mundo (cf. Jo 12,32; 16,11). A marca distintiva da sua liderança é a compaixão solidária, e não o poder que aniquila e amedronta.

Parece que Jesus aceita a qualificação de rei, mas recusa a redução da sua missão ao povo judeu. Ele não é o único rei, nem apenas rei dos judeus. Jesus preside e dirige o amplo movimento do reino de Deus, que reúne todos os homens e mulheres de boa vontade, promove a liberdade e a vida de todos, e não usa da força para defender os privilégios das elites. “Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue às autoridades dos judeus”.

Jesus diz que nasceu e veio ao mundo para dar testemunho da verdade, do amor incondicional de Deus por todas as criaturas, especialmente pelos oprimidos. A verdade é que Deus ama a ponto de dar o próprio filho, e isso revela a invencível força de Deus. Por isso, é na cruz que se realiza a realeza de Jesus Cristo. Nada mais paradoxal que esta figura de rei! Nada mais distante da imagem de rei do que a figura de um escravo executado na cruz, sem ninguém a quem possa apelar.

 

Meditação:

·        Retome esta cena tentando fazer-se presente nela, acompanhando o diálogo tenso e o confronto entre Pilatos e Jesus

·        O que a Igreja pretende sublinhar com esta festa: a dignidade de Jesus carpinteiro e pobre, ou seu próprio anseio imperial?

·        Como entender corretamente a expressão de Jesus quando diz que seu reino não é deste mundo? O que isso significa para nós, hoje?

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