É
permanecendo firmes que nós honramos e vida e testemunhamos a fé | 544 |27. 11.2024 | Lucas 21,12-19
É claro que a destruição do templo,
anunciada por Jesus no trecho do evangelho que refletimos ontem, não tem nada
de punição de Deus contra os judeus. Foi a miopia política e a cegueira
religiosa das lideranças de Israel que levaram a esse desastre. Ao mesmo tempo,
do ponto de vista do Evangelho, essa destruição é um fato positivo, pois põe
fim a um dos instrumentos de opressão do povo.
No episódio de hoje, Jesus fala das dificuldades e
tribulações que os discípulos e discípulas enfrentarão no futuro, as mesmas tribulações
que ele teve que enfrentar. São sofrimentos que vêm de fora, não exatamente dos
pagãos, mas do próprio judaísmo, que eles professaram e ao qual pertenceram
honestamente. Mas vêm também de dentro das famílias de origem e das comunidades
cristãs. Jesus e o evangelista são tremendamente realistas também nisso.
Parece que Jesus sabe por experiência que, no fim,
tudo ficará mais difícil. Mas ele não faz nada para nos poupar disso. É para
estas situações que Jesus quer nos preparar. Ele fala disso desde o início da
formação dos discípulos. Ele nos promete e nos dá seu Espírito, que é o
Espírito do Pai, para que ele sustente no testemunho, e nos ajude a lidar com a
falta de fé das comunidades e com suas insistentes divisões.
No texto que estamos refletindo, para falar das
perseguições e tensões que enfrentaremos, Jesus recorre a imagens de conflitos
étnicos, culturais, políticos, para acontecimentos naturais e até para questões
de saúde. Fala também de perseguições por parte da própria família, pois o
Reino de Deus põe em questão todas as nossas relações. A oposição pode vir dos
nossos círculos de relações mais íntimas, tanto familiares como de outros
grupos primários.
Entretanto, Jesus fala disso para que
estejamos prevenidos, para que possamos caminhar destemidos, com o olhar fixo
nele, a testemunha fiel, o profeta perseguido, a pedra descartada que se tornou
pedra fundamental. Nossa incolumidade está garantida pelo Pai, que se interessa
até pelos cabelos dos seus escolhidos e escolhidas. Precisamos confiar nele,
mas sem relaxamento e improviso. Perseverar e ser um sinal de contraste traz
seus frutos, seguramente, e é nossa única possibilidade de salvação.
Meditação:
§ Leia
atentamente esta cena e as palavras de Jesus, dando atenção às comparações
misteriosas, mesmo que assustem
§ Você
consegue ver no mundo de hoje sinais de intolerância e perseguição aos cristãos
e outras pessoas de boa vontade?
§ Onde
você busca conforto quando lhe sobrevém dificuldades e tribulações de qualquer
ordem?
§ Como
você trata as divisões ideológicas entre você e seus familiares e amigos, entre
diferentes correntes políticas?
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