Nossa
esperança nos guia, mas não esperemos passivamente! | 543|26. 11.2024 | Lucas 21,5-11
No trecho do evangelho que lemos e
meditamos ontem, Jesus denunciava o modo descarado como o templo e os doutores
da lei exploravam as viúvas e demais pessoas pobres, especialmente através do
dízimo e das doações. No episódio que estamos meditando hoje, na última semana
do tempo comum, Jesus continua criticando o templo, e afirma que ele não é mais
o lugar de Deus.
É importante levar em conta que o
templo de Jerusalém tem pouco a ver com os templos de hoje, como a Basílica de
São Pedro (Roma), a Basílica de Nossa Senhora Aparecida (São Paulo) ou o
Santuário do Divino Pai Eterno (Trindade). No tempo de Jesus, o templo de
Jerusalém era um símbolo da identidade nacional, uma espécie de banco central
dos judeus e o lugar onde se reunia o tribunal do Sinédrio. Em suma, era uma espécie
de praça dos três poderes, como a que temos em Brasília.
Jesus havia dito que, não obstante
sua origem e sua história, há muito tempo o templo deixara de ser um lugar de
culto e um espaço respeitado como asilo, e se tornara uma espelunca de
rapinadores. Mesmo assim, a grandiosidade do edifício, a riqueza da sua
decoração, o movimento intenso de fiéis que ele atraía, o vultoso comércio que
girava em torno dele, causava forte impressão no povo. Os peregrinos
contemplavam sua suntuosidade o viam como sinal de estabilidade e de
relevância.
Como já sabemos, Jesus não se deixa
impressionar pela suntuosidade e estabilidade do templo. Ele tem a convicção de
que Deus fora expulso de lá fazia tempo. Por mais que que ele parecesse sólido
e indispensável, viria a ser destruído, e não sobraria nada daquele edifício
imponente. E isso não seria ruim para o povo, mas uma libertação, o fim de uma
época de exploração, uma reviravolta desejada por Deus.
Mas não
adianta tentar adivinhar quando isso deverá acontecer, e que sinais que o
anunciarão. Alarmistas e falsos messias existirão sempre. O importante é não se
apavorar, pois trata-se da destruição das estruturas de opressão. Mas não há
lugar também para uma espera passiva, sem fazer nada. Jesus e a comunidade dos
discípulos e discípulas substituem o templo. Onde dois ou três se reúnem em seu
nome e para prosseguir o que ele fez, Deus está ali. Deus está no calvário,
entre os crucificados, e nas encruzilhadas, entre os pobres e lutadores. Essa é
a boa notícia.
Meditação:
§ Releia com calma esta cena e as palavras de
Jesus, dando atenção às comparações misteriosas
§ Será que os cristãos levamos a sério de verdade que
o templo de Deus somos nós, que ele está onde nos reunimos em seu nome?
§ Que atitudes e caminhos precisamos tomar para
evitar as pregações que assustam e intimidam o povo?
§ Quais são hoje os sinais que anunciam de modo
discreto ou impressionante que um Novo Tempo está despontando?
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