sábado, 16 de novembro de 2024

Algo novo está nascendo, e nada será como antes!

Algo novo está nascendo, e nada será como antes! | 534 |17. 11.2024 | Marcos 13,24-32

Vivemos um tempo de crises profundas e caminhamos sem referências seguras. Os grandes mitos e narrativas desapareceram. A esperança fez as malas e desertou, sem deixar o endereço para contatos. Falar de esperança passou a ser considerado algo anacrônico. A fuga aparece como a única possibilidade para viver em paz. A convocação de um Jubileu da Esperança parece quase um atrevimento, e a negação das crises e seus riscos, assim como das urgências e responsabilidades como pessoas e como coletividade, passou a ser uma “rota de fuga” que não se sabe onde vai dar.

No evangelho de hoje, Jesus não quer insinuar que uma catástrofe cósmica esteja se aproximando Também não quer justificar e explicar os desastres ambientais que nos ferem tão profundamente, nem suscitar medo e fuga diante dos dramas da história. Na linguagem apocalíptica à qual Jesus recorre, sol, lua e estrelas simbolizam os poderes aparentemente invencíveis. Para Jesus, esta solidez é apenas aparente, pois o advento do homem novo depõe os poderosos dos seus tronos e eleva os humildes; afirma a dignidade dos últimos; faz germinar sementes e florir os desertos; enfim, desarticula as forças e estruturas que propõem a violência como solução.

O abalo da ordem velha e cambaleante é sinal de que o humano está nascendo, está batendo à porta (ele não desce pela chaminé!) e pedindo para entrar. E, na medida em que ele for acolhido e se tornar familiar, uma nova humanidade nascerá, “reunindo as pessoas que Deus escolheu”, de todos os povos e religiões. A parábola da figueira pede atenção aos sinais dessa mudança. A velha e injusta ordem social simbolizada pelo templo deve chegar ao fim para que desponte um outro mundo.

O ‘filho do homem’ e seus seguidores, ao lado dos pobres da terra, serão os protagonistas desta mudança. A imagem dele “vindo sobre as nuvens com grande poder e glória” é uma referência ao Jesus “elevado” na cruz. No filho do homem perseguido e crucificado resplandece o que é verdadeiramente humano e se revela a glória de Deus.  A revelação daquilo que é plenamente humano se dá definitivamente em Jesus crucificado, em sua solidária fidelidade às dores e à dignidade dos pobres. É em torno dele, identificado com os pobres e as vítimas, que se reúnem as pessoas de boa vontade, qualquer que seja o povo ou a religião à qual pertencem.

 

Meditação:

·        Acompanhe e participe desta cena, observando o espanto dos discípulos, escutando e entendendo o ensino de Jesus

·        Será que nós também não nos orgulhamos demais de uma diocese que cumpriu 65 anos, de uma Igreja que tem 2000 anos, como se ela fosse indestrutível?

·        Em que medida nós invertemos as coisas: consideramos passageiro ou relativo o ensino de Jesus e imutáveis nossos hábitos e interesses?

·        O que nós, como família e como Igreja, precisamos hoje entender que é transitório e relativo diante do Evangelho, o único que não passa?

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