Algo novo
está nascendo, e nada será como antes! | 534 |17. 11.2024 | Marcos
13,24-32
Vivemos um tempo
de crises profundas e caminhamos sem referências seguras. Os grandes mitos e
narrativas desapareceram. A esperança fez as malas e desertou, sem deixar o
endereço para contatos. Falar de esperança passou a ser considerado algo
anacrônico. A fuga aparece como a única possibilidade para viver em paz. A
convocação de um Jubileu da Esperança parece quase um atrevimento, e a negação
das crises e seus riscos, assim como das urgências e responsabilidades como
pessoas e como coletividade, passou a ser uma “rota de fuga” que não se sabe
onde vai dar.
No evangelho de hoje, Jesus não quer
insinuar que uma catástrofe cósmica esteja se aproximando Também não quer
justificar e explicar os desastres ambientais que nos ferem tão profundamente,
nem suscitar medo e fuga diante dos dramas da história. Na linguagem
apocalíptica à qual Jesus recorre, sol, lua e estrelas simbolizam os poderes aparentemente
invencíveis. Para Jesus, esta solidez é apenas aparente, pois o advento do
homem novo depõe os poderosos dos seus tronos e eleva os humildes; afirma a
dignidade dos últimos; faz germinar sementes e florir os desertos; enfim, desarticula
as forças e estruturas que propõem a violência como solução.
O abalo da ordem velha e cambaleante é
sinal de que o humano está nascendo, está batendo à porta (ele não desce pela
chaminé!) e pedindo para entrar. E, na medida em que ele for acolhido e se
tornar familiar, uma nova humanidade nascerá, “reunindo as pessoas que Deus
escolheu”, de todos os povos e religiões. A parábola da figueira pede atenção aos
sinais dessa mudança. A velha e injusta ordem social simbolizada pelo templo
deve chegar ao fim para que desponte um outro mundo.
O ‘filho do
homem’ e seus seguidores, ao lado dos pobres da terra, serão os protagonistas
desta mudança. A imagem dele “vindo sobre as nuvens com grande poder e glória”
é uma referência ao Jesus “elevado” na cruz. No filho do homem perseguido e crucificado
resplandece o que é verdadeiramente humano e se revela a glória de Deus. A revelação daquilo que é plenamente humano se
dá definitivamente em Jesus crucificado, em sua solidária fidelidade às dores e
à dignidade dos pobres. É em torno dele, identificado com os pobres e as
vítimas, que se reúnem as pessoas de boa vontade, qualquer que seja o povo ou a
religião à qual pertencem.
Meditação:
·
Acompanhe
e participe desta cena, observando o espanto dos discípulos, escutando e
entendendo o ensino de Jesus
·
Será
que nós também não nos orgulhamos demais de uma diocese que cumpriu 65 anos, de
uma Igreja que tem 2000 anos, como se ela fosse indestrutível?
·
Em que
medida nós invertemos as coisas: consideramos passageiro ou relativo o ensino
de Jesus e imutáveis nossos hábitos e interesses?
· O que nós, como família e como Igreja, precisamos hoje entender que é transitório e relativo diante do Evangelho, o único que não passa?
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