quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A “casa comum” é o templo de Deus

A “casa comum” é o templo de Deus, e não arena de exploração | 539|22. 11.2024 | Lucas 19,45-48

Com o coração carregado de boas recordações e lições que ensinara na longa caminhada de subida da Galileia a Jerusalém, ao longo da qual esparramou sinais da compaixão libertadora do Pai, Jesus contemplara, fazia pouco, a cidade de Jerusalém, cantada em prosa e verso, idealizada como refúgio dos pobres. Entrando nela, Jesus vai diretamente ao templo, que já conhecia.

De fato, Jesus já estivera no templo, depois da apresentação, num primeiro confronto, quando tinha apenas doze anos. E lá provavelmente voltara tantas vezes, em alegre peregrinação com seus vizinhos, familiares e amigos. Jesus sabia muito bem que aquele espaço imaginado e celebrado como lugar de memória e utopia, como espaço de asilo seguro dos perseguidos, já não era mais o mesmo, e havia sido transformado em espaço de dominação comercial e religiosa.

No período das festas pascais, a cidade fervilhava ainda mais, e as moedas caíam tilintando e em abundante quantidade nas bolsas das famílias sacerdotais, que controlavam o comércio de animais para os sacrifícios de louvor e de purificação. Ali se reuniam e agiam com mão de fero as lideranças religiosas e nacionais. O templo se parecia mais com um “bunker” de rapinadores que com uma porta do céu.

Então, Jesus toma uma medida corajosa e profética para denunciar o templo desvincular a imagem de Deus dos negócios que exploram as pessoas mais frágeis. Ele toma posse do templo e o resgata como lugar de encontro e fermentação da união solidária do que restara das “tribos de Javé”. Um pouco mais tarde, ali se travará o confronto “crucial” entre o Deus da vida e o deus dinheiro e poder, já antecipado 20 anos atrás, quando resolvera permanecer uns dias ali.

Naqueles breves e tensos momentos vividos no templo, Jesus exercita sua missão de mestre e profeta, ensinando e advertindo. Ali, como dantes, ele se opõe de forma clara e corajosa ao culto formal e exterior e ao uso da religião para oprimir os pobres e entesourar vantagens pessoais. Depois de “fazer a limpeza” do templo, Jesus ensina a pequena multidão que o cerca, e o povo ficava fascinado com sua pregação.

O texto não fala no conteúdo da ´pregação de Jesus, mas, nas entrelinhas, percebe-se que ele reivindica um templo que seja lugar de encontro com Deus e com os irmãos, e num esconderijo para tramar a morte. E, como diz João no seu evangelho, o templo de Deus é o próprio corpo de Jesus, e, por extensão, o corpo de cada ser humano.

 

Meditação:

§  Retome esta cena tentando fazer-se presente nela, acompanhando o gesto e as palavras de Jesus

§  Observe a reação dos comerciantes e dos sacerdotes e mestres da lei, membros da classe dirigente do templo

§  O que este gesto e estas palavras de Jesus significam para nossas comunidades e templos? O que nos ensinam?

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