sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O amor generoso é a força que nos faz passar da morte para a vida

O amor generoso é a força que nos faz passar da morte para a vida | 540|23. 11.2024 | Lucas 20,27-40

Jesus está em Jerusalém, no templo, onde, de chicote na mão, acaba de causar um rebuliço Lá já enfrentara os chefes dos sacerdotes, acusara-os através de uma parábola e desmascarara os espiões deles. Agora, são os saduceus que pretendem enredar Jesus com uma questão doutrinal, bem ao gosto deles. No evangelho segundo Lucas, esta é a terceira controvérsia dos saduceus com Jesus.

Os saduceus formavam um grupo teologicamente conservador, agrupando basicamente a elite sacerdotal e as famílias aristocráticas. Eles só reconheciam a validade das leis e tradições escritas nos cinco primeiros livros da bíblia, e não consideravam as tradições posteriores ou orais, que são, por exemplo, as que testemunham o desenvolvimento da fé na ressurreição.

Por isso, a questão que eles apresentam a Jesus, baseada nas tradições e leis do levirato (cf. Dt 25,5), não é uma questão real e viva, mas uma estratégia para ridicularizar a fé na ressurreição dos mortos, apregoada pelos fariseus e corroborada por Jesus. A lei do levirato existe, e se presta a assegurar a descendência masculina, mas o caso apresentado é totalmente imaginário e inverossímil.

A resposta de Jesus ao questionamento segue dois caminhos. O primeiro, é um apelo à lógica dos tempos finais, que é uma lógica diferente daquela que rege o tempo presente. Quando o ser humano chega à plena comunhão com Deus, não tem mais necessidade da procriação, nem morre. É isso que significa ser igual aos anjos: estar livre da necessidade de procriar e da lei da morte.

A segunda linha de argumento de Jesus é chamar a atenção para as próprias escrituras aceitas pelos saduceus. Jesus cita as palavras de Moisés, que fala de Deus como o Deus dos seus antepassados Abraão, Isaac e Jacó. Se eles estivessem irremediavelmente mortos, Deus seria um Deus dos mortos, ou um Deus morto.

Mas as duas linhas de argumento de Jesus têm um só e único fundamento: a natureza ou identidade de Deus. A fé na ressurreição é uma aposta no poder de Deus, que cria e recria mediante o permanente sopro do seu Espírito. A ressurreição não é uma possibilidade inscrita no ser humano, uma questão de biologia ou de antropologia, mas uma possibilidade baseada no poder de Deus, ou uma questão teológica.

 

Meditação:

§  Retome esta cena tentando fazer-se presente nela, acompanhando a artimanha dos saduceus e a resposta serena de Jesus

§  Qual é o fundamento e quais são as consequências da nossa fé na ressurreição dos mortos, que faz parte do nosso credo?

§  Será que não alimentamos uma visão ingênua da ressurreição, como se tudo continuasse igual ao presente, como se os cadáveres revivessem?

§  Em que medida a nossa fé na ressurreição é uma força que nos leva a arriscar generosamente nossa vida para que todos tenham vida?

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