quinta-feira, 14 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (106)

106 | Ano A | Memória N. Senhora das Dores | Lucas 2,33-35

(15/09/2023)

Ao que parece, a devoção e a festa de Nossa Senhora das Dores remonta ao século XV, e tem origem na cidade de Colônia (Alemanha). Segundo a tradição, as dores de Maria seriam infinitas, por isso sintetizáveis em sete: a profecia de Simeão a respeito dela e de Jesus; o exílio no Egito, com José e Jesus; e perda de Jesus no templo; o encontro com Jesus no caminho da cruz; a crucificação de Jesus; a morte de Jesus; o sepultamento de Jesus.

No encontro do velho Simeão com o casal José e Maria e o filho recém-nascido resplandece uma convicção: a bondade e a misericórdia de Deus brilham no mundo para todos os povos, sem nenhuma exclusão. Jesus e a salvação de Deus não pertencem exclusivamente ao povo de Israel. E essa é uma boa notícia que permite que Simeão, representante de um povo que esperou por isso por séculos e séculos, parta em paz.

Mas, como luz que brilha para as nações (e não só para Israel), Jesus acaba também definindo a sorte de todas as pessoas que o encontram: ele provoca discernimento, evidencia as ambiguidades, torna-se fator de contradição, pedra de alicerce e, ao mesmo tempo, pedra de tropeço. Diante dele e por ele, uns caem, outros se levantam; uns são rebaixados, outros são elevados. A luz sempre mostra tanto o que há de belo como o que há de feio em nós.

Esta profecia de Simeão sobre Jesus recém-nascido causa admiração em José e Maria, que são abençoados por ele. Simeão bendiz e abençoa os pais de Jesus (e não a Deus!), para que eles possam contribuir positivamente na realização dessa missão. Mas, dirigindo-se a Maria, adverte que ela sofrerá com o filho que trouxe no ventre e carrega nos braços. O sofrimento de Maria não tem nada de particular e tudo de comunitário e eclesial, pois antecipa o sofrimento que muitos discípulos e discípulas provarão no futuro.

As dores de Maria não se resumem às dores que sentiu ao ver o filho pregado na cruz. É também a dor de ver que o filho é um profeta rejeitado; de ver um povo cansado, abatido, esquecido por seus líderes, sem rumo; é também a dor que ela compartilha com os/as discípulos/as missionários humilhados/as e perseguidos/as. E, hoje, também a dor provocada pelos efeitos da pandemia. 

 

Meditação:

·        Retome cada palavra, imagem ou expressão usadas por Simeão na sua bela e exigente profecia sobre Jesus, Maria e José

·        O que significa celebrar Nossa Senhora das Dores no contexto de medo, angústia, distanciamento, incertezas, dor e luto por pelas mais de 580 mil mortes, da pandemia e da crise social que ela deflagrou?

·        Quais são os pensamentos, sentimentos e projetos secretos ou disfarçados por nós que um Deus crucificado traz à luz?

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