terça-feira, 19 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (111)

111 | Ano A | 24ª Semana Comum | Terça-feira | Lucas 7,31-35

(20/09/2023)

A cena de hoje está literariamente situada depois do elogio de Jesus ao soldado romano que pediu sua intervenção em favor de um empregado seu (7,1-10) e da devolução da vida ao filho da viúva de Naim (7,11-17), e em seguida às perguntas de João Batista sobre Jesus e de seu comentário elogioso a ele (7,18-30), episódio omitido pela sequência da liturgia diária. A parábola e o comentário de Jesus no texto de hoje estão ligados a figura do Batista.

Para desmascarar as resistências e contradições daqueles que resistiam à sua proposta (principalmente os fariseus e mestres da lei), Jesus apresenta uma cena pitoresca e muito popular em pequenas cidades interioranas: um grupo de crianças brincando na praça, umas tocando música e outras indiferentes ao que as primeiras fazem e transmitem. As crianças-artistas tocam músicas alegres e as outras não dançam; tocam músicas tristes, e ninguém chora ou entoa lamentações.

Os dois estilos de música são uma alusão aos diferentes caminhos de salvação oferecidos por João e por Jesus. Os interlocutores judeus nunca estão satisfeitos ou de acordo. A referência é clara: a mensagem de João Batista não foi aceita porque era muito dura e exigente (jejum e penitência); e Jesus é criticado por parecer-lhes muito permissivo (come e bebe, partilhando a mesa com pecadores e gente suspeita). São duas perspectivas diversas que enfrentam a mesma resistência à mudança.

Mas essa resistência não é exclusividade dos fariseus e doutores da lei. Os próprios discípulos/as resistem à novidade anunciada e inaugurada por Jesus, e até se atrevem a propor reparos. Pensam que amor aos inimigos seria uma proposta inocente e inadequada, e defendem a ideia de que há gente que não merece o perdão, ao menos um perdão sem limites, como nos lembrava a pergunta de Pedro a Jesus no evangelho do último domingo.

Jesus arremata seu questionamento em linguagem parabólica com uma afirmação um pouco obscura: “Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”. Os filhos/as da sabedoria, as pessoas que ouvem e compreendem Jesus, são os pobres e pecadores/as, e não os fariseus, os doutores da lei ou a casta sacerdotal. E nós, como reagimos hoje ao ensino libertário de Jesus?

 

Meditação:

§  Retome a cena pitoresca proposta por Jesus e procure relacioná-la com os diferentes grupos de cristãos que você conhece

§  Você não se vê, às vezes, desejando propor reparos em aspectos essenciais da proposta de Jesus? Quais?

§  Leia algo sobre a vida dos santos Cornélio e Cipriano, cuja memória celebramos hoje, e procure relacioná-la com o evangelho de hoje

Nenhum comentário: