quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (120)

120 | Ano A | Festa de São Miguel, Gabriel e Rafael | João 1,47-51

(29/09/2023)

O calendário litúrgico da Igreja católica nos convida a celebrar hoje a festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Segundo a doutrina católica, os anjos e arcanjos existem realmente, e são servidores e comunicadores de Deus (cf. Catecismo 328-329). Santo Agostinho, por sua vez, nos ensina que o substantivo “anjo” designa mais uma tarefa ou uma ação (uma missão) do que um ser ou uma natureza.

De fato, no Antigo Testamento, o substantivo hebraico mal’ak (que traduzimos por anjo) designa o mensageiro de Javé, uma entidade que fala e age em nome dele. Mas a sagrada Escritura não distingue claramente esse mensageiro do próprio Javé. A bíblia oscila entre a ideia do anjo como personalização da presença e da ação divina e a compreensão dele como um ser autônomo. Em todos os casos, mesmo fazendo parte da doutrina da Igreja católica, os anjos e arcanjos não fazem parte da nossa profissão de fé (Credo).

A cena e a Palavra de Jesus apresentadas pelo evangelho que meditamos hoje estão no contexto do encontro de Jesus com os primeiros discípulos. Natanael, autêntico representante do povo de Israel, faz a experiência de ser escolhido e amado por Jesus antes de conhece-lo. Sua profissão de fé e sua adesão a Jesus estão no horizonte da fé nacionalista do seu povo, e oferece o contexto adequado para a primeira autodeclararão de Jesus.

Apresentando-se como templo, casa ou comunicação de Deus, Jesus nos reporta à imagem da escada que Jacó viu em sonho, ligando a terra ao céu (cf. Gn 28,11-17), e que o levou a reconhecer a presença de Javé naquele lugar aparentemente vazio de Deus. Com isso, Jesus está falando de si como o Anjo do Pai, como o “lugar” ou a mediação da presença, como comunicação ou a relação permanente de Deus com a humanidade.

Acenando à imagem dos anjos que descem e sobem sobre o filho do homem, Jesus dá a entender que nele habita a glória ou o amor compassivo fiel de Deus, e se apresenta como acesso contínuo e permanente a Deus. Jesus não está interessado em provar a existência de anjos, mas em mostrar que ele é essa comunicação e presença que os anjos querem significar.

 

Meditação:

§  Que papel você atribui aos anjos na vivência da sua fé, e o que você pede ou espera deles?

§  O que significa para nós hoje crer que Jesus é o “anjo” de Deus, o espaço e o lugar humano no qual Deus habita e se comunica de modo pleno e permanente com a Humanidade?

§  Como viver o encontro com Jesus e seu Evangelho como um caminho para superar nossas visões limitadas de Deus?

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