sábado, 2 de setembro de 2023

O Evangelho na vida de cada dia (97)

Ano A | 22ª Semana Comum | Domingo | Mateus 16,21-27

(03/09/2023)

A atitude contraditória de Pedro, mesmo depois de ter professado sua fé em Jesus e ter sido elogiado por ele, nos previne contra qualquer triunfalismo papal. Como Pedro, muitos de nós desejamos desesperadamente impedir que Jesus realize sua missão pelo caminho do serviço e da cruz e acabamos sendo uma pedra de tropeço na sua missão. 

A resposta de Pedro à pergunta de Jesus havia sido formalmente correta, mas a salvação, não depende da formalidade e da ortodoxia. Por isso, assim que Pedro termina sua declaração e recebe o elogio, Jesus aparentemente muda o tom da conversa e começa a falar do seu futuro próximo: ele havia tomado a firme decisão de ir a Jerusalém, apesar dos riscos que isso representava; lá sofreria nas mãos das autoridades religiosas; e acabaria sendo morto.

Com este anúncio, Jesus quer corrigir os resquícios de um certo messianismo triunfalista, do qual os próprios discípulos estavam imbuídos, e mostrar outra imagem de Messias: ele é o Servo que sofre solidariamente e o Profeta perseguido. É aqui que Pedro tropeça e faz tropeçar. Com uma ousadia sem precedentes, “levou Jesus para um lado e o repreendeu. Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça!” Pedro intima, adverte e ameaça Jesus, afirmando que não é essa a vontade de Deus.

O que Pedro não consegue admitir é um Messias sem poder e crucificado, um Messias pobre e rejeitado, humano e servidor, nem uma Igreja sem glórias e sem sucesso; uma Igreja que ao invés de se aliar aos poderes sofre nas mãos deles. Como é difícil pensar as coisas de Deus e como é fácil, cômodo e atraente pensar as coisas dos homens! Coisas de Deus são a compaixão, a solidariedade e o serviço; coisas dos homens são a indiferença, o sucesso e o poder.

A cruz não é simplesmente uma imposição à qual Jesus não pode escapar, mas a um caminho que todos devemos trilhar. “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”. E tomar a cruz significa, em primeiro lugar, assumir a condição das pessoas desprezadas e colocadas à margem, e daquelas que enfrentam os poderes que as marginalizam e oprimem; e em segundo lugar, a possibilidade e a disposição de dar a vida, de sofrer a morte por amor.

 

Meditação:

§  Retome calmamente o texto desde a cena anterior (v. 13-20) e observe a atitude ambivalente e contraditória de Pedro

§  Será que postura rígida de Pedro se manifesta hoje em grupos de cristãos que tendem a esvaziar a cruz de Jesus e reduzir a fé a uma busca de benefícios de saúde e de dinheiro?

§  Como você se sente diante em relação ao caminho que Jesus propõe para ganhar a vida?

§  O que você e sua comunidade podem fazer para levar a sério esse caminho, sem assumir uma atitude de desprezo pelos bens indispensáveis?

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