ESTENDER
A MÃO
A felicidade só é
possível onde e quando nos sentimos acolhidos e aceitos. Onde falta acolhimento,
falta vida; o nosso ser paralisa-se; a criatividade atrofia-se. Por isso uma
«sociedade fechada é uma sociedade sem futuro, uma sociedade que mata a
esperança de vida dos marginalizados e que finalmente se afunda a si própria»
(J. Moltmann).
São muitos os fatores
que convidam os homens e mulheres do nosso tempo a viver em círculos fechados e
exclusivistas. Numa sociedade em que crescem a insegurança, a
indiferença ou a agressividade, é explicável que cada um de nós trate de
assegurar a nossa pequena felicidade com os/as iguais.
As pessoas que são como
nós, que pensam e querem o mesmo que nós, dão-nos segurança. Por outro lado, as
pessoas que são diferentes, que pensam, sentem e querem de forma diferente,
produzem preocupação e medo.
Por isso as nações se agrupam em blocos que se
olham mutuamente com hostilidade. Por isso cada
um de nós procuramos o nosso recinto de segurança, aquele círculo de
amigos, fechado aqueles que não são da nossa condição.
Vivemos como que alertas
para defender-nos, cada vez mais incapazes de quebrar distâncias para adotar
uma posição de amizade aberta para com qualquer pessoa. Habituamo-nos a
aceitar apenas os mais próximos. Aos restantes toleramos ou olhamos com
indiferença, se não mesmo com cautela e prevenção.
Ingenuamente pensamos
que, se cada um se preocupa em assegurar a sua pequena parcela de felicidade, a
humanidade continuará a caminhar em direção ao seu bem-estar. E não nos apercebemos
que estamos criando marginalização, isolamento e solidão. E que nesta sociedade
vai ser cada vez mais difícil ser feliz.
Por isso, o gesto de Jesus assume uma especial
atualidade para nós. Jesus não só limpa
o leproso. Ele estende a mão e toca-o, quebrando preconceitos, tabus e
fronteiras de isolamento e marginalização que excluem os leprosos da
convivência. Como seguidores/as de Jesus devemos sentir-nos chamados a
cultivar uma amizade aberta aos setores marginalizados da nossa sociedade. São muitos os que necessitam de uma mão
estendida que chegue a tocá-los.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez
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