A CONVERSÃO NOS FAZ BEM!
O chamado à conversão evoca em nós quase sempre a memória do esforço
exigente, próprio de todo o trabalho de renovação e purificação. No entanto, as palavras de Jesus, “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”, convidam-nos a descobrir a
conversão como um passo para uma vida mais completa e gratificante.
O Evangelho de Jesus vem dizer-nos algo que nunca devemos esquecer: É bom converter-se. Faz-nos bem.
Permite-nos experimentar um modo novo de viver, mais saudável e alegre. Dispõem-nos
a entrar no projeto de Deus para construir um mundo mais humano. Alguém se
perguntará: mas, como viver essa experiência? Que passos dar? O primeiro passo é parar. Não termos
medo de ficar sozinhos/as conosco mesmos para fazermo-nos as perguntas mais
importantes da vida: Quem sou eu? O que estou a fazer com a minha vida? É isto
o único que quero viver?
Este encontro consigo mesmo
requer sinceridade. O
importante é não continuar a enganar-nos. Procurar a verdade do que estamos
a viver. Não nos empenharmos em ocultar o que somos e parecer o que não somos. Pode
ser que experimentemos então o vazio e a mediocridade; que apareçam diante de
nós atuações e posturas que estão arruinando a nossa vida; que não é isso que
desejamos; que, no fundo, desejamos viver algo melhor e mais alegre.
Descobrir como estamos prejudicando a nossa vida não nos leva
necessariamente a afundar no pessimismo ou no desespero. Esta consciência de pecado é saudável. Dignifica-nos e ajuda-nos a
recuperar a autoestima. Nem tudo é mau e ruim em nós. Dentro de cada um
está sempre atuando uma força que nos atrai para o bem, o amor e a bondade. É
Deus que quer uma vida mais digna para todos.
A conversão exige, sem dúvida,
mudanças concretas na nossa forma de atuar. Mas a conversão não consiste nessas
mudanças. Ela própria é a mudança. Converter-se é mudar o coração,
adotar uma nova postura na vida, tomar uma direção mais saudável, colaborar no
projeto de Deus.
Todos, crentes e menos crentes, podem dar os passos mencionados até
aqui. A sorte do crente é poder viver esta experiência abrindo-se confiadamente
a Deus. Um Deus que se interessa por mim mais do que eu próprio, não para
resolver os meus problemas, mas para resolver o problema: essa minha
vida medíocre e fracassada que parece não ter solução. Um Deus que me entende, me espera, me perdoa e que me quer ver viver de
forma mais plena, alegre e gratificante.
Por isso, o crente vive a sua conversão
invocando Deus com as palavras do salmista: “Tem misericórdia de mim, Ó Deus,
segundo a tua bondade. Lava-me completamente da minha culpa, limpa o meu
pecado. Cria em mim um coração limpo. Renova-me por dentro. Devolve-me a alegria
da tua salvação” (Sal 51).
José Antonio Pagola
Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez
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