O Evangelho vivo acontece hoje no testemunho dos cristãos!
A Igreja une à
solenidade da ascensão de Jesus a Jornada
Mundial das Comunicações Sociais, que neste ano tem como tema a questão da
necessidade de produzir e veicular informações indo ao encontro das pessoas
onde elas estão e como são. “Venham e vejam”, é o lema da reflexão, inspirada
na resposta de Jesus aos dois discípulos de João Batista que perguntaram onde
ele morava. O Papa Francisco pretende, com este tema, advertir para o risco de
veicularmos informações construídas nos gabinetes e salas de redação, diante da
tela do computador, sem nunca sair à rua e ir ao encontro das pessoas
implicadas nas notícias.
A palavra ascensão lembra subida, elevação,
movimento de distanciamento. Mas expressa também a ideia e a experiência de ser
destacado/a, promovido/a, reconhecido, reabilitado/a. É este segundo o sentido
original da boa notícia pregada pelos cristãos a respeito de Jesus de Nazaré.
Proclamar a ascensão de Jesus é um modo de proclamar sua ressurreição, de
afirmar que a pedra rejeitada pelos construtores foi considerada pedra
principal, que aquele que fora eliminado como subversivo e maldito é a mais
plena expressão de Deus e do ser humano.
Ele se tornou um projeto, uma ideia que não pode ser aprisionada.
Na carta aos cristãos
de Éfeso, Paulo manifesta o desejo de que o Espírito Santo lhes revele Deus em
sua amável nudez e os ajude a conhecê-lo em profundidade. Conhecer Deus assim
como se revelou em Jesus de Nazaré significa reconhecer e assimilar a esperança
para a qual Ele nos chama e a herança gloriosa que nos concede: continuar na
história sua vida de profeta e servidor; ser no mundo seu corpo vivo, corpo sob
o qual tudo o mais foi colocado e acima do qual nada existe, fora o próprio
mistério de Deus. E isso sem fugir do mundo.
Mas nunca é demais
lembrar que a vida cristã é muito mais que desejo ou contemplação extática da
plenitude divina. A pergunta que os anjos fazem aos apóstolos inertes ressoa
hoje aos nossos ouvidos e pede nossa resposta: “Por que vocês estão aí parados,
olhando para o céu?” Os/as discípulos/as de Jesus Cristo não podemos permanecer
na simples contemplação de alguém que subiu ao céu, mesmo que este alguém seja
o próprio Jesus Cristo. A ascensão de Jesus não significa o fim da sua presença
no meio de nós. Ao contrário, é o início da missão em seu nome, sob a guia do
seu Espírito.
A Palavra de Deus
deixa isso bastante claro. “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a boa para todas
as pessoas”. Por isso, podemos dizer que a liturgia da ascensão focaliza esta
responsabilidade intransferível da comunidade cristã. Convictos/as de que o
Crucificado foi exaltado, vencemos o medo e tornamo-nos testemunhas de Jesus
Cristo no coração do mundo e nos pulmões da história. E sabemos que testemunhar
Jesus Cristo significa afirmar e trilhar o caminho do amor serviçal e
solidário, trazer no corpo as marcas de Jesus Cristo: amar como Jesus amou,
sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu.
A Palavra de Deus
atesta também que a ascensão de Jesus Cristo não é um distanciamento em relação
aos seus discípulos e discípulas, uma fuga do mundo e dos seus desafios. Antes,
é a identificação plena de Jesus com Deus, permanecendo plenamente inserido no
mundo. E isso não é algo que tem a ver apenas com Jesus de Nazaré: ele é o
primogênito de muitos irmãos e irmãs, a cabeça de um corpo de muitos e variados
membros. À glorificação do primogênito segue-se a honra dos seus irmãos e
irmãs. À elevação da cabeça segue-se o reconhecimento da dignidade daqueles que
realizam sua vontade.
No Brasil, a ascensão
de Jesus também abre Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos, que une fiéis católicos e evangélicos numa mesma
e intensa prece. Para nós, cristãos católicos, já soou o tempo de deixar a
lamentação e a negação das estatísticas que mostram a diminuição do percentual
de católicos e o crescimento do índice de cristãos evangélicos. Do ponto de
vista do Evangelho, não interessa o crescimento numérico deste ou daquele
segmento cristão, mas que Jesus seja conhecido e seguido, que os cristãos deem
testemunho de unidade e ajudem a construir uma sociedade fraterna e solidária.
Jesus de Nazaré, sacramento do abraço entre o céu e a
terra: depois de termos acompanhado tua progressiva manifestação aos discípulos
e receber a missão que confias a quem te segue, queremos hoje contemplar teu
pleno reconhecimento pelo Pai. Ajuda-nos a entender que é porque abriste mão de
todo e qualquer privilégio e te fizeste humano e igual ao mais humilde que teu
nome é incomparável e diante de ti se dobram todos os joelhos. E ajuda-nos a
compreender que é descendo, amando e servindo que seremos tuas testemunhas. E
que nossa comunicação seja fruto do encontro e do conhecimento das pessoas e
acontecimentos. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
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