quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

ANO C | TEMPO DO NATAL | SOLENIDADE DA MÃE DE DEUS | 01.01.2022

Que a bênção do Deus da paz sempre nos preceda e acompanhe!

Na celebração do Novo Ano se entrelaçam três temas: o começo de um novo ano civil, a maternidade de Maria e a Jornada Mundial pela Paz. E por falar de paz, não esqueçamos que um ano novo, marcado pela Paz, não costuma chegar da noite para o dia. As novidades promissoras e duradouras são gestadas sempre muito lentamente no ventre profundo da história e das pessoas de boa vontade, daquelas que acolhem os dons e convites que vêm dos desertos, das periferias e das fronteiras.

Paulo recorda aos cristãos da Galácia e de todos os tempos que Deus nos enviou seu Filho quando o tempo chegou à sua maturidade. Nascendo de Maria, o Filho de Deus desceu e se igualou às criaturas marcadas pelas limitações. Mas também nos resgatou do domínio escravizador das leis e instituições e nos deu a adoção filial e a liberdade. Desde então, vivemos na liberdade dos filhos e filhas, e o Espírito derramado em nossos corações nos pacificou e nos deu a possibilidade de clamar a Deus como quem se dirige ao pai e à mãe. Não somos mais escravos, mas filhos e herdeiros/as!

Quando acolhido, Jesus de Nazaré pacifica o mundo e gera relações novas, baseadas na justiça e na fraternidade. E ele cumpre a promessa de Deus e a nossa esperança através de cada um/a de nós, das pessoas de boa vontade, dos/as líderes autênticos e das organizações que não se resignam à paz aparente, baseada no equilíbrio de forças ou no terrorismo estatal. “Deus te abençoe e te guarde! Deus mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de ti! Deus mostre seu rosto e te dê a paz!”

Hoje contemplamos a chegada dos a Belém. Eles encontram Jesus no seio de uma família pobre e migrante. Ficam vivamente impressionados com o que veem, e comparam com tudo aquilo que tinham ouvido. Conseguem compreender este mistério de um Deus a quem não apraz a força dos cavalos ou dos tanques, dos cortejos de acólitos, das doutrinas e dos códigos de direito. Deus se alegra com o despojamento solidário de quem se faz próximo e peregrino com os deslocados e sem-lugar e, por isso, como os pastores, volta louvando e glorificando a Deus por tudo o que vê e ouve.

Jesus recebe o nome anunciado pelo Mensageiro de Deus a Maria. Ele se chama “boa notícia da salvação”: Deus salva seu povo do pecado. Estamos livres do pagamento do débito que temos conosco mesmos e com os outros por não conseguirmos realizar nossas aspirações mais profundas. Estamos livres da culpa de termos ficado aquém, ou errado o alvo. Deus não fica esperando que cheguemos heroicamente a ele. Ele mesmo vem decididamente ao nosso encontro. Ele é nossa Paz! E é claro que, sendo perdoados/as e pacificados/as, tornamo-nos agentes do perdão e operadores/as da paz.

Mas, mesmo que alguns torçam o nariz em protesto, o Papa Francisco nos lembra, em sua mensagem para o Ano Novo, que o diálogo, a educação e o trabalho são mediações imprescindíveis para a construção de uma paz verdadeira e duradoura. “Os grandes desafios sociais e os processos de pacificação não podem prescindir do diálogo entre os guardiões da memória (os idosos) e aqueles que fazem avançar a história (os jovens)”, escreve o Papa.

Mas é importante também, diz o Papa, elaborar “um novo paradigma cultural, através de um pacto educativo global para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras. Um pacto que promova a educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos e o meio ambiente”.

Também o trabalho “é um fator indispensável para construir e preservar a paz, pois é expressão da pessoa e dos seus dotes, mas é também compromisso, esforço, colaboração com outros, porque se trabalha sempre com ou para alguém. Nesta perspectiva acentuadamente social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo”.

Jesus de Nazaré, Conselheiro Admirável, Senhor dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Iniciamos um ano que será marcado pelas eleições presidenciais, e o acirramento de posições ideológicas já se fazem sentir. Ajuda-nos a manter o diálogo a qualquer custo, a assumir um pacto por uma educação humanizadora e assegurar o trabalho para todos, caminho da dignidade e da paz. Assim seja! Amém!

Itacir Brassiani msf

Livro dos Números 6,22-27 | Salmo 66 (67) | Carta de São Paulo aos Gálatas 4,4-7 | Evangelho segundo Lucas (2,16-21)

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