Que a bênção do Deus da paz sempre nos
preceda e acompanhe!
Na celebração
do Novo Ano se entrelaçam três temas: o começo de um novo ano civil, a
maternidade de Maria e a Jornada
Mundial pela Paz. E por falar de paz, não esqueçamos que um ano novo, marcado pela Paz, não costuma
chegar da noite para o dia. As novidades promissoras e duradouras são gestadas
sempre muito lentamente no ventre profundo da história e das pessoas de boa
vontade, daquelas que acolhem os dons e convites que vêm dos desertos, das
periferias e das fronteiras.
Paulo recorda
aos cristãos da Galácia e de todos os tempos que Deus nos enviou seu Filho
quando o tempo chegou à sua maturidade. Nascendo de Maria, o Filho de Deus
desceu e se igualou às criaturas marcadas pelas limitações. Mas também nos
resgatou do domínio escravizador das leis e instituições e nos deu a adoção
filial e a liberdade. Desde então, vivemos na liberdade dos filhos e filhas, e
o Espírito derramado em nossos corações nos pacificou e nos deu a possibilidade
de clamar a Deus como quem se dirige ao pai e à mãe. Não somos mais escravos,
mas filhos e herdeiros/as!
Quando
acolhido, Jesus de Nazaré pacifica o mundo e gera relações novas, baseadas na
justiça e na fraternidade. E ele cumpre a promessa de Deus e a nossa esperança
através de cada um/a de nós, das pessoas de boa vontade, dos/as líderes
autênticos e das organizações que não se resignam à paz aparente, baseada no
equilíbrio de forças ou no terrorismo estatal. “Deus te abençoe e te guarde!
Deus mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de ti! Deus mostre seu rosto e
te dê a paz!”
Hoje
contemplamos a chegada dos a Belém. Eles encontram Jesus no seio de uma família
pobre e migrante. Ficam vivamente impressionados com o que veem, e comparam com
tudo aquilo que tinham ouvido. Conseguem compreender este mistério de um Deus a
quem não apraz a força dos cavalos ou dos tanques, dos cortejos de acólitos,
das doutrinas e dos códigos de direito. Deus se alegra com o despojamento
solidário de quem se faz próximo e peregrino com os deslocados e sem-lugar e,
por isso, como os pastores, volta louvando e glorificando a Deus por tudo o que
vê e ouve.
Jesus recebe o
nome anunciado pelo Mensageiro de Deus a Maria. Ele se chama “boa notícia da salvação”: Deus salva
seu povo do pecado. Estamos livres do pagamento do débito que temos conosco
mesmos e com os outros por não conseguirmos realizar nossas aspirações mais
profundas. Estamos livres da culpa de termos ficado aquém, ou errado o alvo.
Deus não fica esperando que cheguemos heroicamente a ele. Ele mesmo vem
decididamente ao nosso encontro. Ele é nossa Paz! E é claro que, sendo
perdoados/as e pacificados/as, tornamo-nos agentes do perdão e operadores/as da
paz.
Mas, mesmo que
alguns torçam o nariz em protesto, o Papa Francisco nos lembra, em sua mensagem
para o Ano Novo, que o diálogo, a educação e o trabalho são mediações
imprescindíveis para a construção de uma paz verdadeira e duradoura. “Os grandes desafios sociais e os
processos de pacificação não podem prescindir do diálogo entre os guardiões da
memória (os idosos) e aqueles que fazem avançar a história (os jovens)”,
escreve o Papa.
Mas é importante também, diz o Papa,
elaborar “um novo paradigma cultural, através de um pacto educativo global para
e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e
universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade
inteira na formação de pessoas maduras. Um pacto que promova a educação
para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento e
sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos
e o meio ambiente”.
Também o trabalho “é um fator
indispensável para construir e preservar a paz, pois é expressão da pessoa e
dos seus dotes, mas é também compromisso, esforço, colaboração com outros,
porque se trabalha sempre com ou para alguém. Nesta perspectiva acentuadamente
social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um
mundo mais habitável e belo”.
Jesus de Nazaré, Conselheiro Admirável, Senhor dos tempos futuros,
Príncipe da Paz. Iniciamos um ano que será marcado pelas eleições
presidenciais, e o acirramento de posições ideológicas já se fazem sentir.
Ajuda-nos a manter o diálogo a qualquer custo, a assumir um pacto por uma
educação humanizadora e assegurar o trabalho para todos, caminho da dignidade e
da paz. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
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