quarta-feira, 30 de julho de 2025

A rede e os peixes

O Reino de Deus é belo e precioso, mas também exigente | 791 | 31.07.2025 | Mateus 13,47-53

Jesus termina a sessão das parábolas do Reino de Deus lançando demonstrando sua preocupação em ser entendido pela multidão e com uma boa formação para os discípulos: “Compreendestes tudo isso?” “Tudo isso” se refere às parábolas e ao dinamismo do Reino de Deus na história, mas também ao seu ensino como um todo. Ele sabe que entre a escuta e a compreensão há um longo caminho de conversão a ser percorrido. E nós também sabemos que a conversão é um dinamismo belo, mas exigente.

Compreender significa aderir à Boa Notícia e colocá-la em prática, e Jesus está consciente do risco de que seus ouvintes não consigam ou não queiram mudar sua mentalidade e visão de Deus e do mundo. E os fatos posteriores mostrarão as dificuldades reais dos discípulos em compreender e mudar. O caminho da conversão de mentalidade é longo e exigente!

Com a explicação da parábola da rede que pega uma grande diversidade de peixes, Jesus volta à questão das práticas de vida contrastantes, tanto na sociedade como na comunidade dos discípulos e discípulas. Os peixes maus ou inaproveitáveis são as pessoas, grupos e setores que resistem aos propósitos de Deus manifestados por Jesus; os bons são os discípulos que perseveram no longo e complexo caminho do amadurecimento.

A tentação do fundamentalismo e da separação dos discípulos que se julgam bons e puros dos outros é permanente, assim como o risco de ficar nas velhas tradições herdadas, nas “antigas lições de viver pela pátria e viver sem razões”. Cada nova geração precisa entender claramente a dinâmica do Reino de Deus na história, que comporta tensões, ambivalências, imperfeições, crescimento. Mas, no final, o mal e os malvados não terão a última palavra.

Tonar-se discípulo de Jesus implica em um compromisso real e consequente com ele e na disposição para aprender sempre, para mudar e alargar a visão e os padrões de avaliação. Jesus é o próprio modelo do especialista na Palavra, que sabe tirar coisas velhas e novas desse tesouro, mais coisas novas que coisas velhas. Os valores valem, mas precisam manter a capacidade de iluminar os novos problemas e os novos desafios. O que é velho, bom, permanente e não muda é somente a misericórdia e a compaixão de Deus. Nisso, Deus continua sempre o mesmo e não muda!

 

Sugestões para a meditação

§ Como o sentido dado por Jesus à parábola da rede ilumina nossas urgências e estimula nossa paciência com quem se mostra lento ou resistente às mudanças?

§ Que luzes a imagem da rede que recolhe peixes bons e ruins traz para nossa convivência familiar, comunitária e social?

§ Como conjugar paciência com urgência, evitando criminalizar ou excluir quem diverge ou se opõe a nós?

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