Um só é o nosso Pai, e todos nós somos iguais! | 785 | 25.07.2025 |
Mateus 20,20-28
Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo São Tiago
e, por isso, o texto proposto foge um pouco da sequência que estávamos
seguindo. Parece que, propondo-nos este texto, a Igreja quer que façamos uma
autocrítica sobre o modo como exercemos a autoridade e desenvolvemos nossos
ministérios e serviços no seio da família e no âmbito da Igreja e da sociedade.
Jesus acabara de sublinhar que, na lógica do Reino
de Deus, os últimos da escala social, aqueles que contam pouco ou nada, ocupam
os lugares preferenciais, e que ele mesmo seria rejeitado, perseguido e
condenado, colocado entre os últimos, como pedra descartada. Por isso, fica a
impressão de que os discípulos não quiseram entender e ficaram calados,
resistindo silenciosamente à proposta de Jesus.
A ideologia do império romano, que idealizava a
grandeza, a força, o poder e a violência, seduzia também os discípulos de
Jesus. A expectativa que se manifesta em Tiago e seu irmão não são
exclusividade deles: de alguma forma, todos os discípulos e discípulas estavam
mais preocupados com suas ambições que com a defesa dos vulneráveis e das
vítimas. Eles desejavam honras e tronos, e estavam inquietos com a demora!
O ressentimento dos outros discípulos contra os
dois que se anteciparam na busca de privilégios revela tanto inveja como
concorrência. Pela resposta de Jesus ao pedido da mãe dos dois, resposta que é
dirigida a todos (Jesus fala no plural!), parece uma espécie de reação e
ressentimento por terem visto demolidos seus sonhos de poder e grandeza.
A novidade do Reino de Deus provoca uma guinada na
escala de valores. Jesus pede de seus discípulos opções diferentes em relação
ao judaísmo e à cultura do império romano. A condição do servo, proposto como
modelo, se aproxima da condição social da criança, da vulnerabilidade, da
impotência e da irrelevância. Nada a ver com grandeza e os centros de decisão
desejados pela dupla, e tudo a ver com a margem e as periferias!
Jesus não poderia ser mais claro: “Entre vocês não
deve haver dominação e tirania!” Na Igreja de Jesus não há lugar para senhores
ou para rígidas hierarquias: as funções são diferentes, mas a dignidade é a
mesma e vem do batismo, e não dos ministérios. Todos são iguais! E nisso, Jesus
é, em primeira pessoa, modelo e caminho.
Sugestões para a
meditação
§ Retome a cena e as palavras, dando atenção a cada gesto, a
cada personagem e a cada palavra
§ Em que medida o desejo de grandeza, destaque e privilégio
contamina hoje as diversas lideranças da Igreja?
§ O que significa concretamente para você hoje ser o último da
fila e o servidor dos outros?
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