quinta-feira, 24 de julho de 2025

O pedido de Tiago

Um só é o nosso Pai, e todos nós somos iguais! | 785 | 25.07.2025 | Mateus 20,20-28

Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo São Tiago e, por isso, o texto proposto foge um pouco da sequência que estávamos seguindo. Parece que, propondo-nos este texto, a Igreja quer que façamos uma autocrítica sobre o modo como exercemos a autoridade e desenvolvemos nossos ministérios e serviços no seio da família e no âmbito da Igreja e da sociedade.

Jesus acabara de sublinhar que, na lógica do Reino de Deus, os últimos da escala social, aqueles que contam pouco ou nada, ocupam os lugares preferenciais, e que ele mesmo seria rejeitado, perseguido e condenado, colocado entre os últimos, como pedra descartada. Por isso, fica a impressão de que os discípulos não quiseram entender e ficaram calados, resistindo silenciosamente à proposta de Jesus.

A ideologia do império romano, que idealizava a grandeza, a força, o poder e a violência, seduzia também os discípulos de Jesus. A expectativa que se manifesta em Tiago e seu irmão não são exclusividade deles: de alguma forma, todos os discípulos e discípulas estavam mais preocupados com suas ambições que com a defesa dos vulneráveis e das vítimas. Eles desejavam honras e tronos, e estavam inquietos com a demora!

O ressentimento dos outros discípulos contra os dois que se anteciparam na busca de privilégios revela tanto inveja como concorrência. Pela resposta de Jesus ao pedido da mãe dos dois, resposta que é dirigida a todos (Jesus fala no plural!), parece uma espécie de reação e ressentimento por terem visto demolidos seus sonhos de poder e grandeza.

A novidade do Reino de Deus provoca uma guinada na escala de valores. Jesus pede de seus discípulos opções diferentes em relação ao judaísmo e à cultura do império romano. A condição do servo, proposto como modelo, se aproxima da condição social da criança, da vulnerabilidade, da impotência e da irrelevância. Nada a ver com grandeza e os centros de decisão desejados pela dupla, e tudo a ver com a margem e as periferias!

Jesus não poderia ser mais claro: “Entre vocês não deve haver dominação e tirania!” Na Igreja de Jesus não há lugar para senhores ou para rígidas hierarquias: as funções são diferentes, mas a dignidade é a mesma e vem do batismo, e não dos ministérios. Todos são iguais! E nisso, Jesus é, em primeira pessoa, modelo e caminho.

 

Sugestões para a meditação

§ Retome a cena e as palavras, dando atenção a cada gesto, a cada personagem e a cada palavra

§ Em que medida o desejo de grandeza, destaque e privilégio contamina hoje as diversas lideranças da Igreja?

§ O que significa concretamente para você hoje ser o último da fila e o servidor dos outros?

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