Encontro dos Idosos no Jubileu da Esperança, e à luz da memória de São Joaquim e Santa Ana
São Joaquim e
Santa Ana
Estimadas
irmãs e irmãos idosos, reunidos aqui na majestosa Catedral dedicada a São João
Batista! Benvindas e benvindos, vocês que comprovaram ser peregrinas e
peregrinos de Esperança!
Os
dois versículos do evangelho de hoje fazem parte do diálogo de Jesus com seus
discípulos. Este breve trecho de Mateus ilumina a festa de São Joaquim e
Sant’Ana, pais de Maria e avós de Jesus.
Pelos
capítulos que antecedem estes versículos, sabemos que as lideranças do judaísmo
rejeitaram o ensino e a ação libertadora de Jesus. Eles escutaram sem entender
e viram sem aceitar. Tendo um coração agitado, fecharam os ouvidos e os olhos
para não se converterem.
Por
outro lado, aqueles que acolhem o ensino de Jesus e o seguem são realmente
felizes, alcançaram uma vida cheia de brilho e de vigor. As pessoas que,
entendem e acolhem a mensagem do reino de Deus vivem uma condição até superior
à dos justos e profetas do Antigo Testamento, pois eles quiseram ouvir, mas não
conseguiram, quiseram ver, mas não alcançaram.
A
liturgia de hoje nos dá a entender que Joaquim e Ana, pais de Maria e avós de
Jesus, fazem parte daqueles justos e profetas que, vivendo a esperança da vinda
do Messias e fazendo o que estava ao alcance para que isso acontecesse, ouviram
as promessas e a viram se realizar.
E
nós celebramos a memória destes santos como Dia dos Avós e dos Idosos, no
contexto do Jubileu, que nos confirma como peregrinos e peregrinas de esperança.
No Salmo 92, temos uma promessa que nos anima: “O justo florescerá como a
palmeira, crescerá como o cedro que há no Líbano. Mesmo no tempo da velhice dão
frutos, cheias de seiva e verdejantes”.
A aventura e a
graça de ser idoso
Queridas
irmãs e irmãos idosos! Escrevendo de idoso para idoso, o saudoso São João Paulo
II dizia que, nessa idade, é natural e espontâneo voltar o nosso olhar ao
passado e fazer uma espécie de balanço da nossa vida.
Essa
visão retrospectiva permite uma avaliação mais serena e objetiva de pessoas e que
encontramos ao longo do caminho. O passar do tempo suaviza os contornos dos
acontecimentos e ameniza os contratempos dolorosos.
E
uma importante constatação é que o tempo passa inexoravelmente. Nascemos,
crescemos, vivemos, lutamos e morremos. Com o nascimento fixa-se a primeira da
nossa vida, e com a morte a outra, a última: são como as letras A e Z da nossa
existência, o início e o fim da sua passagem pela terra.
Talvez
também damo-nos conta da semelhança entre a vida humana e os ciclos da
natureza. Basta olhar para a mudança da paisagem nas montanhas e nas planícies,
nos vales e nos bosques, nas árvores e nas plantas. Estamos na estação do
outono, e a velhice é como do outono da vida. Mas essa não é apenas a estação
que anuncia o inverno! É a estação da colheita, da diminuição do ritmo, da
decantação do vinho, do enraizamento profundo.
A
infância e a juventude são o período onde o ser humano está basicamente sendo
formado. É o tempo de projetar-se para o futuro, tomar consciência dos
próprios desejos potencialidades e elaborar projetos para a idade adulta.
Mas
a etapa da velhice também possui os seus bens, valores e possibilidades. Atenuando
o ímpeto das paixões, ela aumenta a sabedoria e capacita a dar conselhos amadurecidos
pela experiência. Os idosos podem ser mestres e professores na arte de viver!
A
velhice é o tempo favorável para concluir bem a aventura humana, o tempo no
qual tudo converge, para que ele possa compreender melhor o sentido da vida e
alcançar a sabedoria do coração. A honra da velhice não se mede pelo número de
anos, mas pela generosidade, serenidade e humildade. Ela pode ser uma bela
expressão da bênção divina!
Os idosos na
cultura e na sociedade atual
Se
nos detivermos a analisar a situação atual, constatamos que em alguns povos a
velhice é estimada e valorizada. Mas, em outros, é pouco valorizada, devido a
uma mentalidade que põe em primeiro lugar a utilidade e a produtividade. Por
causa disso, a terceira ou quarta idade é até desprezada, vista por muitos como
um peso para a comodidade dos filhos e para os gastos públicos. Por isso,
muitos idosos chegam a se a sua vida ainda tem sentido.
São
João Paulo II nos advertia que é urgente recuperar a justa perspectiva da vida
no seu conjunto. E a justa perspectiva é a eternidade, da qual a vida é
preparação significativa em cada uma das suas fases.
A
velhice também tem seu importante e insubstituível papel neste processo de
progressiva maturação do ser humano a caminho da eternidade. E toda a sociedade
da qual fazem parte os idosos será a grande beneficiada.
Importantes figuras
do Novo Testamento
O
Novo Testamento nos apresenta figuras eloquentes de anciãos. Em Isabel e
Zacarias, pais de São João Batista, se manifesta de forma palpável a
misericórdia do Senhor. É um admirável casal de anciãos, cheio de profundo
espírito de oração.
No
templo de Jerusalém Maria e José, encontram o velho Simeão, que esperava o
Messias. Tomando entre seus braços o Menino, ele bendiz a Deus e irrompe num
canto consolador: «Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz...»
Junto
a ele encontramos Ana, viúva de oitenta e quatro anos, assídua frequentadora do
Templo, que tem a alegria de ver a Jesus. Se põe a louvar a Deus e a falar do
Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
Nicodemos,
estimado membro do Sinédrio, também é um idoso. A ele Jesus revela ser o Filho
de Deus, vindo para salvar o mundo. Encontraremos Nicodemos no momento da
sepultura de Cristo, vencendo o medo e se mostrando discípulo do Crucificado.
Como
são belos e confortantes estes testemunhos! Lembram-nos como, em todas as
idades, o Senhor pede a cada um para fazer render os próprios talentos. O
serviço ao Evangelho não é questão de idade!
Na
carta a Tito, o apóstolo Paulo pede que os idosos e idosas sejam sóbrios,
prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência; que mostrem uma postura
santa e deem bons conselhos e ensinem seus filhos e filhas, com suas noras e
genros, a se amarem reciprocamente e amarem seus filhos (cf. 2, 2-5).
Sejam guardiães da
memória coletiva!
Queridos
idosos e idosas, avôs e avós! Vocês têm a graça de contemplar os acontecimentos
terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais
experimentados e amadurecidos.
Vocês
são os guardiões da memória coletiva, os intérpretes privilegiados do conjunto
de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social sadia. Em
vocês estão as nossas raízes, o chão do qual se nutre o tempo presente.
Nessa
ótica, os aspectos de fragilidade humana, ligados de modo mais visível com a
velhice, são um apelo à interdependência e à necessária solidariedade que ligam
entre si as gerações, visto que cada pessoa está necessitada da outra e se
enriquece dos dons e dos carismas de todos.
Com
vocês, aprendemos a ser Peregrinos de Esperança!
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