terça-feira, 22 de julho de 2025

Jubileu dos Idosos

Encontro dos Idosos no Jubileu da Esperança, e à luz da memória de São Joaquim e Santa Ana

São Joaquim e Santa Ana

Estimadas irmãs e irmãos idosos, reunidos aqui na majestosa Catedral dedicada a São João Batista! Benvindas e benvindos, vocês que comprovaram ser peregrinas e peregrinos de Esperança!

Os dois versículos do evangelho de hoje fazem parte do diálogo de Jesus com seus discípulos. Este breve trecho de Mateus ilumina a festa de São Joaquim e Sant’Ana, pais de Maria e avós de Jesus.

Pelos capítulos que antecedem estes versículos, sabemos que as lideranças do judaísmo rejeitaram o ensino e a ação libertadora de Jesus. Eles escutaram sem entender e viram sem aceitar. Tendo um coração agitado, fecharam os ouvidos e os olhos para não se converterem.

Por outro lado, aqueles que acolhem o ensino de Jesus e o seguem são realmente felizes, alcançaram uma vida cheia de brilho e de vigor. As pessoas que, entendem e acolhem a mensagem do reino de Deus vivem uma condição até superior à dos justos e profetas do Antigo Testamento, pois eles quiseram ouvir, mas não conseguiram, quiseram ver, mas não alcançaram.

A liturgia de hoje nos dá a entender que Joaquim e Ana, pais de Maria e avós de Jesus, fazem parte daqueles justos e profetas que, vivendo a esperança da vinda do Messias e fazendo o que estava ao alcance para que isso acontecesse, ouviram as promessas e a viram se realizar. 

E nós celebramos a memória destes santos como Dia dos Avós e dos Idosos, no contexto do Jubileu, que nos confirma como peregrinos e peregrinas de esperança. No Salmo 92, temos uma promessa que nos anima: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro que há no Líbano. Mesmo no tempo da velhice dão frutos, cheias de seiva e verdejantes”.

A aventura e a graça de ser idoso

Queridas irmãs e irmãos idosos! Escrevendo de idoso para idoso, o saudoso São João Paulo II dizia que, nessa idade, é natural e espontâneo voltar o nosso olhar ao passado e fazer uma espécie de balanço da nossa vida.

Essa visão retrospectiva permite uma avaliação mais serena e objetiva de pessoas e que encontramos ao longo do caminho. O passar do tempo suaviza os contornos dos acontecimentos e ameniza os contratempos dolorosos.

E uma importante constatação é que o tempo passa inexoravelmente. Nascemos, crescemos, vivemos, lutamos e morremos. Com o nascimento fixa-se a primeira da nossa vida, e com a morte a outra, a última: são como as letras A e Z da nossa existência, o início e o fim da sua passagem pela terra.

Talvez também damo-nos conta da semelhança entre a vida humana e os ciclos da natureza. Basta olhar para a mudança da paisagem nas montanhas e nas planícies, nos vales e nos bosques, nas árvores e nas plantas. Estamos na estação do outono, e a velhice é como do outono da vida. Mas essa não é apenas a estação que anuncia o inverno! É a estação da colheita, da diminuição do ritmo, da decantação do vinho, do enraizamento profundo.

A infância e a juventude são o período onde o ser humano está basicamente sendo formado. É o tempo de projetar-se para o futuro, tomar consciência dos próprios desejos potencialidades e elaborar projetos para a idade adulta.

Mas a etapa da velhice também possui os seus bens, valores e possibilidades. Atenuando o ímpeto das paixões, ela aumenta a sabedoria e capacita a dar conselhos amadurecidos pela experiência. Os idosos podem ser mestres e professores na arte de viver!

A velhice é o tempo favorável para concluir bem a aventura humana, o tempo no qual tudo converge, para que ele possa compreender melhor o sentido da vida e alcançar a sabedoria do coração. A honra da velhice não se mede pelo número de anos, mas pela generosidade, serenidade e humildade. Ela pode ser uma bela expressão da bênção divina!

Os idosos na cultura e na sociedade atual

Se nos detivermos a analisar a situação atual, constatamos que em alguns povos a velhice é estimada e valorizada. Mas, em outros, é pouco valorizada, devido a uma mentalidade que põe em primeiro lugar a utilidade e a produtividade. Por causa disso, a terceira ou quarta idade é até desprezada, vista por muitos como um peso para a comodidade dos filhos e para os gastos públicos. Por isso, muitos idosos chegam a se a sua vida ainda tem sentido.

São João Paulo II nos advertia que é urgente recuperar a justa perspectiva da vida no seu conjunto. E a justa perspectiva é a eternidade, da qual a vida é preparação significativa em cada uma das suas fases.

A velhice também tem seu importante e insubstituível papel neste processo de progressiva maturação do ser humano a caminho da eternidade. E toda a sociedade da qual fazem parte os idosos será a grande beneficiada.

Importantes figuras do Novo Testamento

O Novo Testamento nos apresenta figuras eloquentes de anciãos. Em Isabel e Zacarias, pais de São João Batista, se manifesta de forma palpável a misericórdia do Senhor. É um admirável casal de anciãos, cheio de profundo espírito de oração.

No templo de Jerusalém Maria e José, encontram o velho Simeão, que esperava o Messias. Tomando entre seus braços o Menino, ele bendiz a Deus e irrompe num canto consolador: «Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz...»

Junto a ele encontramos Ana, viúva de oitenta e quatro anos, assídua frequentadora do Templo, que tem a alegria de ver a Jesus. Se põe a louvar a Deus e a falar do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.

Nicodemos, estimado membro do Sinédrio, também é um idoso. A ele Jesus revela ser o Filho de Deus, vindo para salvar o mundo. Encontraremos Nicodemos no momento da sepultura de Cristo, vencendo o medo e se mostrando discípulo do Crucificado.

Como são belos e confortantes estes testemunhos! Lembram-nos como, em todas as idades, o Senhor pede a cada um para fazer render os próprios talentos. O serviço ao Evangelho não é questão de idade!

Na carta a Tito, o apóstolo Paulo pede que os idosos e idosas sejam sóbrios, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência; que mostrem uma postura santa e deem bons conselhos e ensinem seus filhos e filhas, com suas noras e genros, a se amarem reciprocamente e amarem seus filhos (cf. 2, 2-5).

Sejam guardiães da memória coletiva!

Queridos idosos e idosas, avôs e avós! Vocês têm a graça de contemplar os acontecimentos terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais experimentados e amadurecidos.

Vocês são os guardiões da memória coletiva, os intérpretes privilegiados do conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social sadia. Em vocês estão as nossas raízes, o chão do qual se nutre o tempo presente.

Nessa ótica, os aspectos de fragilidade humana, ligados de modo mais visível com a velhice, são um apelo à interdependência e à necessária solidariedade que ligam entre si as gerações, visto que cada pessoa está necessitada da outra e se enriquece dos dons e dos carismas de todos.

Com vocês, aprendemos a ser Peregrinos de Esperança!

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