A solidariedade com quem sofre está acima de todas as leis | 773 | 13.07.2025 |
Lucas 10,25-37
Por
trás da pergunta que o mestre da lei dirige a Jesus sobre como ganhar a vida
eterna está uma ideia muito particular sobre o significado da salvação. Não
esqueçamos que a discussão que perpassa os evangelhos é sobre o caminho mais
direto e seguro para salvação: seria a submissão à lei, como ensinavam os
escribas e fariseus, ou haveria outro caminho?
Para Jesus, o caminho da
salvação não passa pelo cumprimento escrupuloso da lei, mas pela compaixão para
com todas vítimas e sofredores, mediante ações concretas de solidariedade. Na
vida de Jesus, e na vida de quem o segue, não há lugar para a indiferença
diante do sofrimento humano. Para ele, o amor pleno a Deus se concretiza na
ação impostergável e generosa, sem agenda, em benefício das vítimas e de todas
as pessoas necessitadas.
Esta é a reposta de
Jesus à pergunta do doutor ou especialista da lei. A pergunta esconde também a
verdadeira discussão, que é sobre quem é o nosso próximo. Ressoam aqui as
perguntas do primeiro livro das escrituras sobre “onde está o meu irmão?” e “o
que eu tenho a ver com ele?” Quem repete estas perguntas e não toma uma atitude
concreta perdeu o rumo e o ritmo da vida cristã. Como resposta, Jesus não
acrescenta mais uma norma ao monte de leis que existiam, mas estabelece uma
perspectiva nova e exigente de toda lei que queira ter fundamento.
Para Jesus, a
solidariedade concreta e desinteressada substituiu todas as leis, e vale mais
que culto e as instituições. E o samaritano – considerado herético, bastardo e
impuro pelos judeus – está mais próximo de Deus que o sacerdote e o levita,
porque se aproxima da pessoa ferida, enquanto que o sacerdote e o levita,
obcecados pelas leis e pelo templo, se afastam dela. Há uma oposição entre
fazer-se próximo e afastar-se sem se importar.
Jesus inverte a pergunta do escriba e pergunta pelo sujeito e
não pelo objeto do amor. Com a parábola Jesus não quer apresentar apenas um
belo exemplo, mas abrir uma nova perspectiva. O amor concreto é solicitado,
definido e na nossa resposta à pessoa necessitada, que pode ser até inimiga. O
amor nos faz livres e criativos! O paradoxo é que o protótipo do amor salvífico
é a pessoa mais desprezada, e o doutor da lei deve imitá-lo.
Sugestões para a
meditação
§ Releia atentamente o
texto, observando a astúcia do escriba e a sabedoria espiritual e humana de
Jesus
§ Visualize a cena da
parábola e participe dela, lembrando que os samaritanos eram desprezados e os
sacerdotes idealizados
§ Será que nós também não
nos distraímos e dispensamos do amor ao próximo em discussões estéreis sobre
quem são eles?
§ Em que medida nós e
nossas comunidades não deixamos de lado a compaixão para priorizar as leis e o
culto?
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