quarta-feira, 23 de julho de 2025

Ouvir, compreender e praticar

A quem é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus? | 784 | 24.07.2025 | Mateus 13,10-17

Uma leitura atenta dos capítulos 4 a 12 do evangelho de Mateus deixa bastante claro que o anúncio do Reino de Deus e as ações que Jesus faz para demonstrá-lo presente na história encontra muita incredulidade, rejeição e hostilidade. Daí a insistência de Jesus na escuta, na compreensão, na conversão e na prática que correspondem ao Evangelho.

Ao povo em geral e, às vezes, às elites dirigentes do judaísmo, Jesus prefere anunciar o mistério do Reino de Deus através de parábolas. É um recurso de comunicação sapiencial e popular que fala do Reino de Deus a partir de imagens e comparações tiradas da experiência comum e cotidiana, o que acaba atraindo e exigindo o engajamento do ouvinte na interpretação. Aos discípulos, mais sintonizados com ele e inseridos no processo de formação, Jesus fala de forma mais objetiva e incisiva.

A parábola do semeador ilustra as diversas reações frente ao anúncio do Reino de Deus. Jesus é realista, e parte da constatação de que 3/4 (ou 75%) dos seus interlocutores não compreendem adequadamente e não aderem à novidade do reino de Deus. Ver e ouvir significa discernir, compreender e aderir. E isso implica em converter-se, mudar o modo de pensar e de agir. A responsabilidade recai sempre sobre a decisão do ouvinte.

Jesus não analisa as causas que concorrem para isso, mas acena para algumas delas. Em geral, elas convergem na insensibilidade e na má vontade para assumir um processo de mudança que pode ser exigente. Por isso, muitos grupos e pessoas, especialmente as elites religiosas, olham sem ver (os sinais de Jesus e a opressão que recai sobre o povo) e ouvem (a pregação de Jesus) sem realmente escutar.

Entretanto, Jesus não fica refém das lamentações e acusações. Ele se alegra com a adesão dos pequenos e humildes que se fazem seus discípulos. Não são muitos, mas são semente, sal e luz. Tornando-se discípulos e entrando na escola itinerante de Jesus, eles são a confirmação da vontade de Deus, e se juntam à grande caravana dos profetas e justos do Antigo Testamento. Por isso, podem e devem participar da alegria de Jesus!

 

Sugestões para a meditação

·    Procure inserir-se na cena relatada pelo evangelista e interagir com os discípulos e com Jesus

·    Deixe ressoar em sua mente e em seu coração o elogio de Jesus aos discípulo: “Eu lhes garanto: muitos justos e profetas desejaram ver o que vocês estão vendo, mas não viram; desejaram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não ouviram!”

·    Não corremos também nós, como fiéis e como Igreja, o risco de olhar sem ver, de ouvir sem escutar, ou seja: de adaptar o Evangelho de Jesus aos nossos interesses e medos?

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