A quem é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus? | 784 | 24.07.2025 |
Mateus 13,10-17
Uma leitura atenta dos capítulos 4 a 12 do
evangelho de Mateus deixa bastante claro que o anúncio do Reino de Deus e as
ações que Jesus faz para demonstrá-lo presente na história encontra muita
incredulidade, rejeição e hostilidade. Daí a insistência de Jesus na escuta, na
compreensão, na conversão e na prática que correspondem ao Evangelho.
Ao povo em geral e, às vezes, às elites dirigentes
do judaísmo, Jesus prefere anunciar o mistério do Reino de Deus através de
parábolas. É um recurso de comunicação sapiencial e popular que fala do Reino
de Deus a partir de imagens e comparações tiradas da experiência comum e
cotidiana, o que acaba atraindo e exigindo o engajamento do ouvinte na
interpretação. Aos discípulos, mais sintonizados com ele e inseridos no
processo de formação, Jesus fala de forma mais objetiva e incisiva.
A parábola do semeador ilustra as diversas reações
frente ao anúncio do Reino de Deus. Jesus é realista, e parte da constatação de
que 3/4 (ou 75%) dos seus interlocutores não compreendem adequadamente e não
aderem à novidade do reino de Deus. Ver e ouvir significa discernir,
compreender e aderir. E isso implica em converter-se, mudar o modo de pensar e
de agir. A responsabilidade recai sempre sobre a decisão do ouvinte.
Jesus não analisa as causas que concorrem para
isso, mas acena para algumas delas. Em geral, elas convergem na insensibilidade
e na má vontade para assumir um processo de mudança que pode ser exigente. Por
isso, muitos grupos e pessoas, especialmente as elites religiosas, olham sem
ver (os sinais de Jesus e a opressão que recai sobre o povo) e ouvem (a
pregação de Jesus) sem realmente escutar.
Entretanto, Jesus não fica refém das lamentações e acusações. Ele se
alegra com a adesão dos pequenos e humildes que se fazem seus discípulos. Não
são muitos, mas são semente, sal e luz. Tornando-se discípulos e entrando na
escola itinerante de Jesus, eles são a confirmação da vontade de Deus, e se
juntam à grande caravana dos profetas e justos do Antigo Testamento. Por isso,
podem e devem participar da alegria de Jesus!
Sugestões para a
meditação
· Procure inserir-se na cena relatada pelo evangelista e
interagir com os discípulos e com Jesus
· Deixe ressoar em sua mente e em seu coração o elogio de
Jesus aos discípulo: “Eu lhes garanto: muitos justos e profetas desejaram ver o
que vocês estão vendo, mas não viram; desejaram ouvir o que vocês estão
ouvindo, e não ouviram!”
· Não corremos também nós, como fiéis e como Igreja, o risco
de olhar sem ver, de ouvir sem escutar, ou seja: de adaptar o Evangelho de
Jesus aos nossos interesses e medos?
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