Betânia é o ambiente da acolhida fraterna e calorosa | 789 | 29.07.2025 | João 11,19-27
Marta, discípula e amiga de Jesus, é mais conhecida
pela passagem de Lucas, onde ela aparece atazanada com os afazeres domésticos e
reclama da passividade de Maria, sua irmã, empenhada na escuta de Jesus. Ambas
moravam em Betânia e são irmãs de Lázaro. Este núcleo de acolhida e convivência
fraterna era frequentado com gosto por Jesus. O texto ilumina a memória dos
três santos, que o Papa Francisco propôs à Igreja.
A cena de hoje faz parte de um conjunto literário
maior, que é a enfermidade, a morte e o reerguimento de Lázaro. O pequeno
fragmento oferecido à nossa meditação começa com um clima de desolação,
lamentação ou fim de festa. A desolação é ainda maior porque todos sabem que
Jesus fora avisado da enfermidade do amigo, e não quis mudar sua agenda a tempo
de chegar para curá-lo. Os judeus se mostram amigos de Marta e Maria, e chegam
para consolar as duas irmãs pela morte de Lázaro.
Marta sai ao encontro de Jesus na estrada, e começa
o diálogo manifestando sua dor e censurando-o: “Se tivesses estado aqui, meu
irmão não teria morrido...” Ela espera de Jesus um benefício, pois o considera
um potente curador. Ela ainda não sabe o que significa o seu amor, e vê Jesus
como apenas um mediador poderoso da ação de Deus. Sua crença na ressurreição é
para o final dos tempos. Sua adesão a Jesus é imatura, parcial e insuficiente,
como a dos demais discípulos.
A passagem da morte para a vida se dá no encontro
pessoal e profundo com Jesus e na adesão a ele. Porque Jesus é Vida, a morte
não tem poder sobre ele e sobre quem acredita nele. O “último dia” é antecipado
na cruz, do alto da qual ele abraça a humanidade sem excluir ninguém, e derrama
seu Espírito de vida. Quem recebe o Espírito de Deus e se deixa mover por ele não
conhecerá a morte nem o medo.
Marta percebe que a fé
tradicional não é suficiente e pronuncia uma bela profissão de fé: Jesus é vida
e ressurreição, o Ungido e Filho de Deus, enviado para que todos tenham vida.
Ela chega à maturidade da fé, e não lamenta mais a morte, porque conhece a
Vida. E, como discípula missionária que chegou à maioridade, ela nos ensina o
valor da acolhida fraterna no seguimento de Jesus.
Sugestões para a meditação
§ Você se reconhece no lamento de Marta, que se interroga
porque Jesus não evita ou remedia certas situações dolorosas?
§ Você crê firmemente que aderir a Jesus é passar da morte
para vida já agora? Como você expressa essa fé e essa adesão a ele?
§ Como acolher a fé na ressurreição como dinamismo de
esperança e compromisso histórico, e não como desprezo da história concreta?
§ O que você está
disposto a colocar hoje nas mãos de Jesus para que ele ajude a diminuir o
sofrimento do seu povo?
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