domingo, 27 de julho de 2025

Um pai que não dorme!

“PAI NOSSO”

Do Pai Nosso tudo se disse. É a oração por excelência. O melhor presente que Jesus nos deixou. A mais sublime invocação a Deus. E, no entanto, repetida uma e outra vez pelos cristãos, pode converter-se em oração de rotina, palavras que se repetem mecanicamente sem elevar o coração a Deus.

Por isso, é bom que nos detenhamos de vez em quando para refletir sobre esta oração na qual toda a vida de Jesus está encerrada. Logo perceberemos que só a podemos rezar se vivermos com o Seu Espírito.

«Pai Nosso»". É o primeiro grito que brota do coração humano, quando vive habitado não pelo temor a Deus, mas por uma plena confiança no seu amor criador. Um grito no plural àquele que é o Pai de todos. Uma invocação que nos enraíza na fraternidade universal e nos faz responsáveis diante dos outros.

«Santificado seja o vosso Nome». Esta primeira petição não é apenas mais uma. É a alma de toda esta oração de Jesus, a sua aspiração suprema. Que o «nome» de Deus, isto é, o seu mistério insondável, o seu amor e o seu poder salvífico, se manifeste em toda a sua glória e poder. E isto dito não numa atitude passiva, mas a partir do compromisso de colaborar com a nossa própria vida nessa aspiração de Jesus.

«Venha a nós o vosso reino». Que a violência e o ódio destrutivo não reinem no mundo. Que Deus e a sua justiça reinem. Que o Primeiro Mundo não reine sobre o Terceiro, os europeus sobre os africanos, os poderosos sobre os fracos. Que o homem não domine a mulher, nem o rico o pobre. Que a verdade se torne dona do mundo. Que se abram caminhos à paz, ao perdão e à verdadeira libertação.

«Seja feita a vossa vontade». Que não encontre tanto obstáculo e resistência em nós. Que toda a humanidade obedeça ao apelo de Deus, que desde o fundo da vida convida o ser humano à sua verdadeira salvação. Que a minha vida seja hoje mesmo uma procura dessa vontade de Deus.

«Dai-nos o pão de cada dia». O pão e o que precisamos para viver dignamente, não só nós, mas todos os homens e mulheres da Terra. E isto dito não desde o egoísmo acumulador ou o consumismo irresponsável, mas desde a vontade de partilhar mais do que é nosso com os necessitados.

«Perdoai-nos». O mundo precisa do perdão de Deus. Nós seres humanos só podemos viver pedindo perdão e perdoando. Aqueles que renunciam à vingança desde uma atitude aberta ao perdão assemelham-se a Deus, o Pai bom e perdoador.

«Não nos deixeis cair em tentação». Não se trata das pequenas tentações de cada dia, mas da grande tentação de abandonar Deus, esquecer o Evangelho de Jesus e seguir um caminho errado. Este grito de socorro fica ressoando nas nossas vidas. Deus está conosco diante de todo o mal.

José Antônio Pagola

Tradução de Antônio Manuel Álvarez Perez

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