É o preconceito que impossibilita o milagre dos santos de casa | 792 | 01.08.2025 |
Mateus 13,54-58
Depois de uma longa seção dedicada ao anúncio do
Reino de Deus às multidões em forma de parábolas, e depois de algumas
catequeses especiais dirigidas aos discípulos, Jesus volta à sua terra e vai à
sinagoga de Nazaré, onde seus amigos e familiares costumavam se reunir. A
notícia da sua ação poderosa, assim como a clareza e a pertinência do seu
ensino, impressionara a todos, tanto em Nazaré como na circunvizinhança.
Mas também nessa ocasião e nesse episódio emerge a
dificuldade que os diversos grupos de interlocutores têm de reconhecer na ação
e no ensino libertário de Jesus a ação libertadora de Deus. Essa dificuldade
para discernir a identidade de Jesus é abordada por Mateus do capítulo 11 ao
capítulo 16 da sua versão do Evangelho, mas o que surpreende é que ela se
estende também aos seus conterrâneos e familiares.
Fica claro que o povo de Nazaré, mesmo se
encantando e admirando com ensino e com o poder transformador das ações de
Jesus, acaba tropeçando nos preconceitos próprios das pequenas cidades e das
pessoas que o conhecem de perto. Seus conterrâneos começam a se perguntar onde
ele teria encontrado tal sabedoria e tal poder, já que tem uma origem humilde e
não pertence a uma elite cultural ou religiosa. Eles não conseguem defini-lo
fora do seu contexto familiar. Para eles, o enviado de Deus deveria vir de
cima, e não de baixo; do centro, e não da periferia.
Para o senso comum no qual se movia o povo de
Nazaré e a própria família de Jesus, o fato de ter origem humilde e ser filho
de carpinteiro nega a Jesus a possibilidade de ser o agente ungido e enviado
por Deus. A sinagoga acaba sendo o joio que aparece no meio do trigo, e a
querida Nazaré acaba se comportando como Corazim, Betsaida e Cafarnaum,
povoados que se fecharam à novidade escandalosa e provocativa do Reino de Deus.
Jesus interpreta a rejeição por parte dos seus familiares e conterrâneos
no horizonte da histórica resistência e perseguição que se voltam contra todos
os profetas. E esta notória falta de fé do povo de Nazaré acaba impedindo a
ação libertadora de Jesus na sua própria cidade. Como sabemos, a fé não é uma
reação de convencimento diante de um fato miraculoso, mas uma atitude de
abertura que precede o milagre.
Sugestões para a meditação
§ Em que medida, e em que ocasiões, você também foi vítima do
preconceito das pessoas mais próximas e conhecidas?
§ Não aconteceu de você se escandalizar diante da Palavra ou
da ação de Jesus? Nestas circunstâncias, o que você faz?
§ Como Jesus Cristo e seu Evangelho podem nos ajudar a não
reduzir as pessoas aos seus erros, à profissão que exerce ou à origem familiar?
§ Será que a mentalidade fechada e o preconceito às vezes
também não nos impedem de crer em processos de mudança?
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