Homilia da missa de admissão às ordens do seminarista Gabriel Mallmann
Estamos reunidos para celebrar a festa de São Tiago, apóstolo de Jesus e mártir da Igreja, e, ao mesmo tempo, a admissão do seminarista Gabriel Mallmann aos ministérios litúrgicos do leitorado e do acolitato.
Para quem vive o tempo à luz da fé, nada é
um simples evento do calendário, nada é simples protocolo ou passatempo. Cada
memória celebrada traz presente o dinamismo de testemunhos ainda vivos. Cada
adesão confirmada traz a esperança do um futuro luminoso.
Festejando o primeiro dos apóstolos
martirizados, pedimos ao Senhor que nossa comunidade e nossas lideranças
religiosas sejamos confirmados pelo seu testemunho e ajudados por sua
intercessão.
Acolhendo o desejo do Gabriel e
admitindo-o aos ministérios sagrados, agradecemos a Deus pela semente de generosidade
que ele cultivou, com a ajuda da família, da comunidade eclesial, dos
formadores e das comunidades de formação.
Coloquemos esses dois acontecimentos, um
do passado e outro do presente, sob a luz da Palavra de Deus. Paulo sublinha,
baseado na própria experiência, que nenhum ministério e nenhuma missão depende
unicamente de nós e das nossas capacidades.
“O que tu queres?”, pergunta Jesus ao
Gabriel e a cada um de nós. Através de sua mãe, Tiago pede um lugar
privilegiado ao lado de Jesus. Quem deseja isso, não sabe o que está
procurando. Errou o rumo, pede algo que não faz parte do seguimento de Jesus. O
desejo do cristão não pode ser outro que beber do cálice de Jesus, ser batizado
no seu batismo, assumir seu modo de viver pelos outros, seguir seus passos na
compaixão, na fraternidade e no dom de si mesmo.
A advertência de Jesus é clara e certeira:
“Vocês sabem que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as
oprimem. Entre vocês não deve ser assim!” O maior, o primeiro e o mais
digno entre os humanos e entre os cristãos é quem se põe a serviço dos outros.
E aqui pouco importa se é bispo, padre, diácono ou acólito. Grande é aquele que
serve demais!
A força para amar e servir a todos, apenas
isso, mas sempre, nos vem de Deus, e nós somos dela frágeis vasos de barro.
Está destinado a fracassar quem assume uma missão pensando em sucesso e em
facilidades. A força do Evangelho passa pela humildade de quem sabe confiar
plenamente em Deus, de quem não teme viver os sofrimentos de Jesus para que, em
suas ações, brilhe também a vida e a liberdade de Jesus.
O apóstolo e ministro do Evangelho
amadurece e se fortalece em meio a aflições, apuros, perseguições, quedas e
ameaças. Vive assim porque foi libertado por Cristo, e para que a vida se
manifeste mais viva nos outros que em si mesmo. “Tudo isso é por causa de vós,
diz Paulo, para que a abundância da graça em um número maior de pessoas faça
crescer a ação de graças para a glória de Deus”.
Mesmo sem ter conhecido Jesus em vida,
Paulo assimilou muito bem sua proposta, seus sentimentos: “O filho do homem não
veio para ser servido e adorado, mas para dar a sua vida para salvar a vida de
muitos, de todos...”
Vivendo assim, Tiago, Paulo e milhares de
cristãos pelos séculos afora, experimentaram o que o salmista expressou: “Os
que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria! Chorando de
tristeza sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão,
carregando os seus feixes!”
Caro Gabriel: hoje a Igreja
está acolhendo seu pedido e admitindo você aos ministérios litúrgicos do
acolitado e do leitorado. Oxalá você viva e nos ajude a viver essa dimensão da
vida cristã oferecendo-se a Deus e ao povo de Deus como frágil vaso de barro
que conserva o precioso perfume do Evangelho da misericórdia.
Oxalá no seu serviço humilde à Palavra de
Deus, brilhe com eloquência o Verbo da Vida, que é Jesus Cristo, uma Palavra
que desperta, confirma, estimula, orienta, envia e alimenta. Uma Palavra que
sempre desperta o que há de melhor e mais profundo no ser humano e na vida da
Igreja.
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