Novamente a memória dos
discípulos e discípulas de Jesus, nos convida a continuar aprendendo a sermos mulheres da páscoa. Nossas
antecessoras, aquelas que seguiam Jesus como peregrinas, que serviam as mesas
com ele e o acompanharam na subida para Jerusalém, foram guardando desses dias,
pequenas lembranças.
Uma delas recolheu do chão de
alguma rua de Jerusalém um raminho de oliveira, para poder contar e não
esquecer a força que tem um povo, quando compreende seu destino. Ela mesma
guardou o gosto do pão e do vinho. Depois da ceia, num guardanapo que
conservava umas gotas do vinho, ela recolheu e guardou umas migalhas do pão que
foi partido nessa noite, para não esquecer como é complicado aprender a ser comunidade,
ou a eloquência dos gestos e a intensidade quando se come com um nó na
garganta, quando ser fiel a si mesmo, assusta, e é ao mesmo tempo uma vocação
irrenunciável. Essas migalhas de pão e essas gotas de vinho, iam recordar às
futuras gerações que vale a pena.
Outra delas guardou um
pedacinho do tipo de toalhas com que secaram os pés dos presentes, esse gesto
transgressor que surpreendeu a todos (as). Outra quis guardar um dos vidros de
perfume que usaram para a unção do corpo depois que o desceram da cruz, e que
faz recordar sempre o mérito de se estar presentes lá onde ninguém quer
estar... Guardaram também na mochila
alguns panos que mostravam que o túmulo não é o lugar de Jesus e que seriam
para a humanidade, o sinal e a evidência da liberdade da vida, quando se ama...
Todos os anos, as mulheres da
páscoa nos oferecem essa mochila, para que olhemos novamente, toquemos e
contemplemos essas pequenas lembranças. Sobretudo nestes tempos em que queremos
animar-nos para novos projetos, será importante contemplarmos juntas novamente
essas memórias sentidas, para que nos ajudem a projetar o novo, sem esquecer
que somos parte de um povo, que vale a pena comer e beber juntas, lavarmos os
pés umas das outras, partilhar os nós da garganta, julgarmos por nossos sonhos, estar lá onde ninguém quer
estar e abandonar os sepulcros, mulheres livres e amantes.
Cada uma de nós está
convidada a guardar nessa mochila as pequenas lembranças destes dias das
discípulas de Jesus no século XXI! Felicidades a todas e a cada uma, desejando
profundamente partilhar a mochila das lembranças e sermos mulheres da páscoa. Com
muito carinho,
Irmãs da Imaculada Conceição da Província da Argentina Uruguai
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