Hoje lembramos nove meses da partida do nosso amigo Pe. Ceolin. Celebremos a data recordando mais um dos seus inesqueciveis testemunhos.
Pistas para encarnar a espiritualidade da Sagrada Família
Pistas para encarnar a espiritualidade da Sagrada Família
No início
do ano 2000, respondendo à pergunta sobre quais seriam as atitudes e práticas
mais importantes a serem desenvolvidas pelos junioristas na dimensão da
espiritualidade, o Pe. Rodolpho Ceolin, então formador dos junioristas em Santo
Ângelo, propunha uma lista interessante, mesmo sem a pretensão de ser
sistemático nem exaustivo. Um denominador comum: “Para que vivam de acordo com
sua identidade de consagrados e Missionários da Sagrada Família.”
Um
primeiro conjunto de capacidades e atitudes está mais ligado ao aspecto
propriamente teologal da espiritualidade. “A capacidade de contemplação do mistério e da ação da Trindade. A escuta, o
silêncio e o diálogo com Deus (deserto interior). A prática do abandono dócil e
amoroso ao Espírito. Exercitar-se na leitura orante da Bíblia.”
Mas há um
segundo bloco, mais relacionado com uma espiritualidade humanista e encarnada
na vida pessoal. “O hábito de confrontar-se com Jesus Cristo e, à luz da sua
Palavra e da sua Ação, aprender a discernir evangelicamente (à maneira
dele) o próprio viver. Ações concretas
de amor-doação aos coirmãos como humilde servidor. A prática do perdão.
Simplicidade, cordialidade, respeito com os demais (ser deveras humano). Hábito de cultivo pessoal e
comunitário a partir do Plano de Formação,
do Projeto Político-Pedagógico, do Projeto de Vida e do Plano Estratégico da Província.”
E há um
terceiro conjunto de atitudes e capacidades, este mais vinculado ao mundo
social e pastoral, o que revela uma concepção de espiritualidade que tem a ver
também com a dimensão socio-pastoral da vida cristã e com a ação. “Inserção
pastoral evangelizadora entre as pessoas mais humildes e pobres. Engajamento em
pastorais sociais e movimentos populares. Ardor missionário e gosto pelo
Carisma, prontidão para ir “àqueles que estão longe”.
Interrogado
sobre o sabor, o sentido e a força que estes valores e práticas tinham na sua própria
caminhada de vida, o Pe. Ceolin dá um belo testemunho, que merece ser relido e
recordado frequentemente. Este testemunho pessoal é ainda mais relevante se
levarmos em conta que ele estava então com 70 anos, e era, de longe, o mais
idoso em meio a um grupo de formadores cuja idade não passava dos 40 anos.
“Confesso
que vivo muito aquém do que proponho e almejo aos demais. Todavia, sou sincero
em dizer que sempre que tenho assumido com determinação o cultivo pessoal, o
silêncio, a oração, a entre-ajuda fraterna, encontrei luzes e forças para ser
fiel à Vida Consagrada e superar crises cruciais. Testemunho também que vi
muitos coirmãos fraquejarem vocacionalmente em razão do abandono ou do desleixo
em se cultivarem com afinco.”
E
continua, com uma bela afirmação sobre o caráter pedagógico e espiritual da inserção
nos meios populares: “O fato de, no passado recente, ter ido à inserção e me
aproximado bastante do povo sofrido, contribuiu muito para que me sinta mais
Missionário da Sagrada Família. Com isso cresceu em mim grande apreço à vida
religiosa. Antes, me sentia muito padre;
hoje, mais religioso, mesmo sendo
presbítero.”
Em
seguida, sempre recorrendo à experiência pessoal, o Pe. Rodolpho estabelece um
vínculo entre o crescimento no seguimento de Jesus Cristo e frente aos
superiores: “Vem crescendo em mim a postura de discípulo de Jesus. E em meu viver sempre procurei ser dócil ao Espírito. Isto me tem sido de
grande valia. Por experiência, tornei-me convicto de que, sendo dócil aos “superiores”
e à voz dos coirmãos, Deus age providencialmente na nossa vida.”
E conclui,
com uma serena consciência de si mesmo e reconhecida ponderação: “Reconheço e
confesso que, tanto eu como qualquer coirmão, quando assumimos o que somos e zelamos pelo nosso cultivo,
tornamo-nos instrumentos mais valiosos nas mãos de Deus e da Província. Também
nos tornamos pessoas mais felizes e
realizadas.” Belo testemunho que pode nos alimentar e iluminar no próximo
encontro dos formadores da Província.
Itacir
Brassiani msf
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