quarta-feira, 23 de abril de 2014

Vivências da Semana-Santa (2)

Escola: quais são as lições mais importantes?

Por-de-sol na praça da Vila do Morro
Começo confessando que não tenho muito prazer em visitar as escolas. Até resisto um pouco. Por quê? Os motivos são vários. Tenho a impressão que os estudantes, especialmente os adolescentes e jovens, não estão muito interessados em assuntos de religião. Quando a agenda é definida pela direção, a desmotivação deles pode ser ainda maior. E, por que não dizer, tenho dificuldades de pensar uma mensagem relevante e oportuna para estudantes.

O primeiro grupo com quem me encontrei foi com as crianças da “escola especial”, logo na segunda-feira pela manhã. A escola é especial porque ecolhe crianças com graves dificuldades de aprendizagem. Mas este caráter especial se vê também, negativamente: é indescritível a precariedade das instalações desta escola. Uma escola para escórias, não para gente. Que mensagem transmitir a estas crianças especiais? Como estabelecer um diálogo pegagogicamente significativo com eles? Eis o grande desafio.

Dediquei três momentos da terça-feira para os três turnos da escola estadual, de ensino fundamental e médio. O primeiro encontro, às 8:00, foi com adolescentes da quinta à oitava séries. O segundo, às 13:00, com crianças da primeira à quarta séries. O terceiro, às 18:00, com jovens do ensino médio. Com todos os três grupos preparei uma reflexão, centrado no diálogo e em uma dinâmica, sobre o tráfico de pessoas humanas e a páscoa. Quando me dei conta do tamanho dos grupos (sempre mais de cem estudantes), descartei o diálogo.

Destaco o encontro com as crianças e o encontro com os jovens. Com as crianças de primeira à quarta séries propus algumas brincadeiras, e com isso ganhei a simpatiua delas e consegui despertar a atenção para os temas. O encontro com os jovens me preocupava bastante. Eram mais de cento e cinquenta!... Mas fiquei boquiaberto: refletimos durante quarenta e cinco minutos num clima de silêncio e atenção que jamais imaginei! Não tinha como não agradecer e elogiar os jovens publicamente... Mesmo sem entrar na questão dos frutos da reflexão, o respeito e a atenção que eles demonstraram valeu por si mesmo.


Talvez o aprendizado que resulta destes encontros seja mais para mim que para eles!... Preciso valorizar mais os espaços não-eclesiais de diálogo e testemunho. Preciso melhorar minha capacidade pedagógica, pois estou habituado a falar para crentes adultos. Preciso preparar melhor e ser mais concretos em minhas intervenções, especialmente em temas como o da Campanha da Fraternidade. Preciso correr o risco de me expor e de ser questionado. Preciso amadurecer uma mensagem de caráter religioso e humano, que possa ser relevante também àqueles que não participam das práticas eclesiais.

Itacir Brassiani msf

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