Escola: quais são as lições mais importantes?
Por-de-sol na praça da Vila do Morro |
Começo confessando que não tenho muito prazer em visitar as escolas. Até
resisto um pouco. Por quê? Os motivos são vários. Tenho a impressão que os
estudantes, especialmente os adolescentes e jovens, não estão muito
interessados em assuntos de religião. Quando a agenda é definida pela direção,
a desmotivação deles pode ser ainda maior. E, por que não dizer, tenho
dificuldades de pensar uma mensagem relevante e oportuna para estudantes.
O primeiro grupo com quem me encontrei foi com as crianças da “escola especial”,
logo na segunda-feira pela manhã. A escola é especial porque ecolhe crianças
com graves dificuldades de aprendizagem. Mas este caráter especial se vê
também, negativamente: é indescritível a precariedade das instalações desta
escola. Uma escola para escórias, não para gente. Que mensagem transmitir a
estas crianças especiais? Como estabelecer um diálogo pegagogicamente
significativo com eles? Eis o grande desafio.
Dediquei três momentos da terça-feira para os três turnos da escola
estadual, de ensino fundamental e médio. O primeiro encontro, às 8:00, foi com
adolescentes da quinta à oitava séries. O segundo, às 13:00, com crianças da
primeira à quarta séries. O terceiro, às 18:00, com jovens do ensino médio. Com
todos os três grupos preparei uma reflexão, centrado no diálogo e em uma
dinâmica, sobre o tráfico de pessoas humanas e a páscoa. Quando me dei conta do
tamanho dos grupos (sempre mais de cem estudantes), descartei o diálogo.
Destaco o encontro com as crianças e o encontro com os jovens. Com as
crianças de primeira à quarta séries propus algumas brincadeiras, e com isso
ganhei a simpatiua delas e consegui despertar a atenção para os temas. O
encontro com os jovens me preocupava bastante. Eram mais de cento e
cinquenta!... Mas fiquei boquiaberto: refletimos durante quarenta e cinco
minutos num clima de silêncio e atenção que jamais imaginei! Não tinha como não
agradecer e elogiar os jovens publicamente... Mesmo sem entrar na questão dos
frutos da reflexão, o respeito e a atenção que eles demonstraram valeu por si
mesmo.
Talvez o aprendizado que resulta destes encontros seja mais para mim que
para eles!... Preciso valorizar mais os espaços não-eclesiais de diálogo e
testemunho. Preciso melhorar minha capacidade pedagógica, pois estou habituado
a falar para crentes adultos. Preciso preparar melhor e ser mais concretos em
minhas intervenções, especialmente em temas como o da Campanha da Fraternidade.
Preciso correr o risco de me expor e de ser questionado. Preciso amadurecer uma
mensagem de caráter religioso e humano, que possa ser relevante também àqueles
que não participam das práticas eclesiais.
Itacir Brassiani msf
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